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Mulheres a viajarem sozinhas

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Uma questão que muitas mulheres me fazem enchendo algumas páginas de comentários e emails é a de “mulheres viajarem sozinhas”.

É perigoso? Pode-se fazer?

Bem, o risco existe quer para homens quer para mulheres. Viajar significa aprender, experimentar, abrir os olhos, e de maneira geral confrontar situações que nunca antes tínhamos confrontado. Esta é uma condição humana e não exclusiva ao sexo feminino.

Muitas mulheres perguntam-me se é seguro viajar em Marrocos a solo, se vão ser raptadas, mal tratadas e abusadas.

A minha resposta é: NÃO SEI.

Faço eu agora uma pergunta:

Sabe se na sua cidade de origem, amanhã mesmo vai ser raptada, mal tratado ou abusada?

A sua resposta é: NÃO SEI.

Marrocos é super seguro de maneira geral, e, tendo atenção a alguns pontos específicos que também os faz na sua cidade, uma viagem passa-se tranquila e sem problemas. Isto aplica-se a todos os países do mundo.

Lembre-se de alguns pontos importantes:

  • respeite a cultura do país que viaja
  • vista-se como as mulheres locais e não dê nas vistas
  • não aceite convites de homens que nunca aceitaria no seu país
  • renda-se ao mundo das mulheres, mundo esse inexplorado e inantíngivel pelo homem. O mundo das mulheres em países considerados de risco pode ser fascinante e conceder experiências únicas. Viaje, interaja, entre no mundo das mulheres. Por exemplo, as mulheres em países muçulmanos são muito sociais, gostas de fazer imensas coisas juntas, no seio familiar, tratar umas das outras, lidas, etc. Um mundo fechado ao homem. Pense nisso…

Conheci muitas jovens mulheres a viajarem sozinhas por países como Afeganistão, Iraque, Marrocos, Turquia, Líbano, Síria e Irão não apresentando quaisquer problema. Conheço porém, muitos homens que foram roubados, violentados e mal tratados em viagem.

Por isso a pergunta é:

Há mesmo diferença em ser homem ou mulher a viajar?

SIM, há, mas não a nível de fraqueza mas sim a nível de experiência e viver situações diferentes. Por isso viaje, e a cima de tudo viaje sendo mulher, não tente ser homem a viajar, pois deixe isso para os homens. Viva mulher, seja mulher e disfrute do seu mundo que nenhum homem poderá disfrutar.

Livro de viagens:

Recentemente e graças à minha amiga Inês (rapariga que viaja por todo o mundo, inclusivamente ter viajado no Irão sozinha e Ásia Central) entrei em contacto com um livro muito interessante. Na próxima oportunidade que tiver vou comprá-lo. A autora chama-se Ana Isabel Mineiro, e, grande viajante, apresenta um livro saído em 2008 que relata a sua viagem por uma zona do globo que tanto me fascina, por um percurso fascinante pela mítica Karakorum Highway, começando a viagem em Islamabad no Paquistão e acabando em Kashgar na China.

O livro chama-se “Onde os Rios Têm Marés”. Li o primeiro capitulo “Estrada Fora” que dá uma achega ao princípio da sua viagem pelo Paquistão.

O que impressionou bastante foi o fabuloso “Apêndice” relativo à segurança das mulheres a viajarem sozinhas. Partilhando da mesma ideia penso que não há problema nenhum em mulheres viajarem sozinhas. As condicionantes de ser mulher e viajar a solo, não são as mesma de um homem por isso todo um caso é um caso, e, eu aconselho vivamente mulheres ganharam coragem e partiram à descoberta desse mundo.

ONDE OS RIOS TÊM MARÉS

Viagem pelo Norte do Paquistão e Estrada do Karakorum
Ana Isabel Mineiro – Editora Via Óptima – 1ª Edição Fevereiro 2008

Onde os Rios Têm Marés

Apêndice do livro – Onde os Rios Têm Marés – por Ana Isabel Mineiro:

“A pedido de várias famílias, já teci vezes sem conta considerações sobre “os perigos” de uma mulher viajar sozinha: já jurei que não havia problemas especiais, provei que era tratada nas palminhas, demonstrei com estatísticas e gráficos coloridos que a relação entre o género e a deslocação geográfica não é, de todo, desfavorável às mulheres. Mas as pessoas continuam a rezar a mesma oração: a Oração da Fraqueza.

Se dermos ouvidos a esses genios formados pela Universidade TV – e há muitas mulheres entre elas – uma mulher sozinha é instantaneamente violada mal põe o pé fora de qualquer aeroporto, em qualquer dos três maiores continentes do mundo; se assim não for teve muita sorte, mas terá que fazer vigilância cerrada em todas as direcções porque os homens vão andar atrás delas, e podem tornar-se violentos – e toda a gente sabe que a mulher é fraca e não se sabe defender, e os ladrões podem ser violentos.

Depois temos o problema número dois: os roubos. Uma mulher pode ser roubada com facilidade porque é fraca e não se sabe defender, e os ladrões podem ser violentos. Um terceiro problema específico, mais recente e que aparece juntamente com os outros dois, é o dos países muçulmanos: aí, uma mulher sozinha pode ser atacada, raptada e morta, porque eles não gostam de ver mulheres na rua – e a mulher é fraca e não se sabe defender.

Se juntarmos a tudo isto os problemas que os homens também partilham, como seja a possibilidade de adoecer e ver-se sem aopio, a dificuldade de comunicar naquelas línguas estranhas, etc. temos uma imagem tão terrífica da viagem em solitário para o género feminino, que mais vale ficar em casa a ver o canal Odisseia.

Pois bem, e mais uma vez: é exactamente ao contrário. Sobre o problema da violação, nos dias que correm é melhor não fazer juras quanto à relação risco/género, digamos apenas que depende da situação e do local. E a a menos que se pretenda viajar para um cenário de guerra, onde tudo pode acontecer a qualquer um, em situação normal as mulheres são avisadas sobre as zonas perigosas (mesmo quando não são assim tanto), protegidas e postas em primeiro lugar em caso de dificuldades.

Nos países islâmicos, meus senhores e senhoras, é considerado uma grande cobardia e vergonha atacar fisicamente uma mulher, e até a maior parte dos grupos radicais de analfabetos que se auto-intitulam “islâmicos” se esquiva a utilizar violência sobre estes seres tão frágeis. E é justamente nestes países, em que existe maior desigualdade social entre homens e mulheres, que nos vêm trazer água e refrescos quando a camioneta avaria, que nos vão buscar a única cadeira da sala de espera, que passamos à frente nas filas, às vezes basta fazer a voz mais fininha, e temos logo um lugar sentado no autocarro. E quemé que nunca arredondou os olhos para um funcionário, queixando-se do desconforto e do calor, só para obter um visto na altura e não ter de vir buscá-lo mais tarde?

Os homens estão entre iguais, que se arranjem. Têm mesmo é de mostrar que não sofrem, para não serem olhados de lado e desprezados. Quanto à fraqueza feminina, a menos que estejamos a falar de um judoca-karateka de sangue frio, gostava de ver um homem comum a defender-se de um ou dois meliantes que o apanhem sozinho num canto escuro, verdadeiramente decididos a assaltá-lo. Para além do mais parece-me que, por serem tão destemidos, muitos machos têm tendência para se meterem em situações de risco mais facilmente do que as mulheres. E ainda por cima consta que têm vergonha de chorar e de pedir ajuda, duas atitudes que podem se de extrema utilidade em certos casos pontuais. Que bom ser fraquinha.”

Mulheres a viajarem sozinhas, Mulheres a Viajar – Ana Isabel Mineiro, livro: Onde os Rios Têm Marés

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