Viagens de Grupo

Mochilão América do Sul – Roteiro de 10 meses

Mochilão América do Sul
Mochilão América do Sul

Já alguma vez sonhou em explorar todos os países da América do Sul de mochila às costas? O tal estilo de viagem que no Brasil chamam de mochilão? Então, venho partilhar consigo um roteiro de viagem de 10 Meses por todos os melhores destinos da América do Sul. Começamos esta viagem de 300 dias na Guiana Francesa, e acabamos no sul do Brasil. Esta página é um excelente guia de viagem para o que fazer na América do Sul, que irá ajudá-lo a organizar a sua aventura pelo continente.

Mochilão América do Sul

Melhor época para viajar na América do Sul

Praia de Awala Yalimapo, Visitar a Guiana Francesa

Como a aventura se inicia a norte do Brasil, na zona tropical, é importante evitar por aí a época das chuvas, que poderia afectar a viagem pelos países da região.

Ou seja, entre Agosto e Dezembro está óptimo. Por outro lado, vai terminar após seis meses bem no sul, onde o frio já se faz sentir. Portanto, melhor se chegar bem no Verão.

Por isso, o ideal será iniciar a viagem em Setembro, terminando em Fevereiro (não esquecer que no Hemisfério Sul o Verão corresponde ao Inverno europeu).

Vistos e Documentação

Para Cidadãos Brasileiros

Para a Guiana Francesa, que como o nome indica é mesmo francesa, há um problema: vai necessitar de um visto, mais complicado ainda do que estivesse visitando a França. Poderá consultar a informação da embaixada francesa com todas as condições para este visto.

Para o Suriname e para a Guiana, não é necessário visto mas precisa mostrar o seu passaporte na fronteira. Todos os outros países da América do Sul aceitam os viajantes brasileiros que transportem apenas a sua cédula de identidade.

Para Cidadãos Portugueses

Bastará o passaporte para visitar qualquer um dos países sul-americanos. No Suriname há que tirar o visto à chegada, o que custa 20 Eur.

Vacinas

Apesar de ser recomendada alguma vacinação para percorrer a América do Sul, apenas no caso da febre amarela esta pode ser obrigatória. Alguns países, como Bolívia, Paraguai, Equador, Peru, Guiana e Suriname, podem exigir o Certificado Internacional de Imunização contra Febre Amarela (CIV).

Roteiro na América do Sul

Guiana Francesa (10 dias)

CAIENA, GUIANA FRANCESA
CAIENA, GUIANA FRANCESA

Este território administrado pela França oferece uma atmosfera única, fruto da mistura entre a influência europeia, as raízes africanas da maioria da população e o ambiente claramente tropical da região.

Não é muito fácil deslocar-se no interior da Guiana Francesa, mas mesmo assim o melhor é basear-se na capital Cayenne, de onde saem transportes para as principais localidades. Se desejar mais autonomia, pode alugar um carro, mas não vai ser económico. Na cidade não perca a praça central, Place des Palmistes, e o Musée Departemental Franconie. O Fort Cépérou, construído no século XVII é uma semi-ruína mas deve ser visitado, até porque de lá se avista quase toda a cidade. De resto, passear pelo centro é uma experiência, bem temperada com as bonitas casas crioulas pintadas de cores vivas. Na Place des Amandiers há uma bonita esplanada virada para o mar e ao final da tarde observam-se ali os homens jogando o seu pétanque.

Em Kourou encontra-se o centro espacial francês (Centre Spatial Guyannais), que pode ser visitado. Não perca a Ilha do Diabo, onde durante décadas funcionou uma dura colónia penal, cenário do famoso livro e filme Papillon.  

Infelizmente os preços da Guiana Francesa são bem europeus e uma noite num hotel dos mais baratos em Cayenne (por exemplo, o Central Hotel Cayenne custará cerca de 75 Eur). Em Kourou a situação é ainda pior. O melhor será procurar algo no local ou recorrer ao AirBnB.

A cultura da Guiana Francesa é bastante ecléctica, uma vez que aos povos nativos (indígenas) se juntaram os espanhóis e os escravos negros de África, na época da descoberta e primeira fase da colonização. Devido a ser uma terra bastante cobiçada por muitos outros povos (especialmente europeus), até ser definitivamente uma colónia da França, os ingleses, alemães, franceses e portugueses (como também, asiáticos, libaneses e brasileiros), também vieram aqui parar devido ao interesse da exploração do cacau e café e, depois mais tarde, do ouro. O resultado é uma cultura bastante rica, que se fundiu e resultou no encantador povo da Guiana Francesa. O idioma aqui falado é o Francês, mas o Criolo é muito utilizado por grande parte da população e o Caribe, a língua utilizada pelos indígenas. A gastronomia é muito especial – uma vertente de cozinha francesa exótica. As especiarias asiáticas não faltam e os legumes e frutas tropicais a acompanhar o marisco e peixe também não.

Suriname (10 dias)

Centro histórico de Paramaribo, Visitar o Suriname
PARAMARIBO, SURINAME

Da fronteira com a Guiana Francesa (Albina) até à capital, Paramaribo, há autocarros (2 Euros). Se antes passámos por um produto de fusão cultural, uma França tropical, agora entramos numa versão sul-americana da Holanda. Até há pouco tempo Suriname era uma colónia desse país e a língua oficial é ainda o holandês. Em Paramaribo abundam nomes como Nieuw Amesterdam, Meerzorg, Alkmaar ou Marienburg.

Felizmente que os preços de alojamento são um pouco mais amigáveis do que na Guiana Francesa. Já se encontram excelentes ambientes de hostel, como a Guesthouse De Kleine Historie onde uma cama em dormitório custa 12 Eur mas onde pode ter um quarto privado por 26 Eur. Uma excelente solução para se basear enquanto parte à descoberta do país.

Explore bem Paramaribo, cujas construções tipicamente coloniais lhe valeram a classificação de Património Mundial da UNESCO. Pode visitar o Fort Zeelandia, uma prisão tenebrosa durante o regime de Bouterse, na década de 80. Passe também pelo Fort Nieuw Amsterdam, um bom museu ao ar livre. Delicie-se com os diversos mercados, dos quais destaco os seguintes: Centrale Markt, para vegetais e frutas; no Djoeka Wojo não pode tirar fotografias, e por lá são vendidos artigos relacionados com as artes da magia e com rituais religiosos, sendo chamado “o mercado das bruxas”; e ao longo da rua Tourtonnelaan tem uma feira da ladra aos Domingos.

Veja as fachadas do Palácio Presidencial, do Ministério das Finanças, do Palácio da Justiça, do Banco do Suriname e, de uma forma geral, das casas do centro histórico de Paramaribo. Visite a bizarra mesquita de Paramaribo e a sinagoga Neveh Shalom.

Fora da cidade não é fácil explorar. Não é um país amigo dos turistas mas com tenacidade tudo é possível. Tente visitar algumas das antigas plantações coloniais. A Peperpot, não muito longe de Paramaribo, é uma boa aposta: pagando um ingresso de SRD18, poderá visitar e percorrer um caminho organizado de cerca de 3,5 km com placas explicativas. Outra coisa que poderá fazer é apanhar um autocarro (ónibus) para Lelydorp e visitar o encantador jardim de borboletas que ali existe.

Num dos seus dias em Paramaribo poderá fazer algo diferente: tente apanhar o barco que faz a distribuição de correio por partes mais isoladas, e veja o Suriname a partir dos rios durante um dia inteiro por apenas SRD60 / 8 Eur.

A cultura do Suriname é bastante eclética pois a sua população conta com variados povos e etnias, começando com os povos indígenas (nativos), depois com a chegada de africanos, descendentes de indianos, javaneses, brancos, chineses, entre outros. Esta mistura perfaz-se num resultado único e bastante interessante ao nível cultural do país. As várias etnias vestem-se, alimentam-se e fazem o culto representando as suas culturas primárias, bastante visível na arquitectura das igrejas, templos e mesquitas (aqui podemos encontrar a maior mesquita da América do Sul), na culinária hindu e no hábito de ver cinema produzido pela Bollywood. As línguas faladas no Suriname são o Holandês em primeiro lugar, falando-se também o Inglês (muito utilizado na hotelaria) e outros dialectos como o Taki-Taki, Hindi, Chinês, Javanês e idiomas indígenas. No interior do país, as culturas Quilolombas (escravos africanos) e dos índios têm uma grande independência relativamente ao governo e preservaram a sua cultura original até aos dias de hoje, tal como era antes da chegada dos europeus.

Guiana (10 dias)

GEORGETOWN, GUIANA
GEORGETOWN, GUIANA

De Paramaribo poderá tomar um autocarro (ónibus) para South Drain (3 horas, cerca de USD15), onde poderá cruzar o rio (ferry diário parte pelas 11 horas da manhã) e entrar na Guiana. Se antes passámos por um país onde se fala francês e outro onde o holandês é a língua oficial, agora vamos visitar a única nação de língua inglesa da América do Sul.

A oferta de alojamento na Guiana não é grande. Em Georgetown poderá desejar ficar no Serenity Inn, que com uma diária de 38 Eur é mesmo assim uma das oferta mais económicas na cidade.

Pode passear pela cidade passando por alguns dos seus pontos mais interessantes: o Museu Nacional da Guiana, a Praça da Independência, a Catedral de São Jorge, o Parlamento, o Mercado Stabroek, o faro de 200 anos, os Jardins Botânicos, onde os locais passeiam descontraidamente (gratuito).

Considere visitar Victoria, a cerca de 27 km da capital. Trata-se da primeira plantação (Northbrook) a ser comprada por ex-escravos.

Se desejar, visite a destilaria Demerara, onde existem visitas guias e fica apenas a 15 minutos de mini-bus de Georgetown. Outro programa agradável é simplesmente caminhar pelo passeio marítimo que se estende para norte e que chega até Spareendam, a cerca de 10 km de distância. Poderá também apanhar uma embarcação que sai de um ponto atrás do mercado e vai para Vreed en Hoop, do outro lado do rio Demerara. E depois regressar a pé, atravessando a ponte, um passeio que tem cerca de 7 km.

Para passar para a Venezuela não será possível tomar o caminho mais óbvio, uma vez que a fronteira entre estes dois países se encontra encerrada. Para prosseguir viagem terá que voltar ao Brasil. No caminho poderá descansar uns dias numa cabana de madeira no meio da selva, observando a vida animal e passeando na natureza.

Deverá chegar à cidade fronteiriça de Lethem, para onde existem minu-bus ao longo de todo o dia e até um autocarro desde Georgetown. Se quiser fique por aqui um dia, existindo também alguma oferta local de alojamento. Se perguntar talvez encontre um rancho onde possa alugar um quarto por alguns dias. Poderá caminhar até à Missão de Santo Inácio e quando quiser deixar a Guiana para trás, basta atravessar a fronteira, a pé.

A cultura da Guiana é bastante ecléctica, pois após os espanhóis terem descoberto esta terra e, posteriormente, os holandeses terem-na conquistado, trouxeram para este país escravos de África (de países onde hoje se localizam o Senegal, Congo, Angola e Níger). Em simultâneo, houve uma imigração por parte de chineses, indianos e de vários povos europeus, resultando numa miscelânea cultural bastante interessante. Por tal, é bastante normal encontrar todo o tipo de religiões e respectivos templos, igrejas e mesquitas. O Carnaval Guianense é bastante animado, recheado de música e dança ao som de Calypso e Soca. Com a herança inglesa, a Guiana está bastante ligada ao Críquete, tendo uma das mais importantes selecções de Críquete – o West Indies. Os locais com bastante interesse de conhecer são o Museu Nacional da Guiana, o Museu de Antropologia Walter Roth, o Parque Nacional e o Jardim Botânico.

Venezuela (15 dias)

A fronteira entre o Brasil e a Venezuela tem 2.200 KM é a 17º maior do mundo
FRONTEIRA VENEZUELA E BRASIL

Ciudad Bolivar e Angel Falls

De Santa Elena, na fronteira com o Brasil, até Ciudad Bolivar, são cerca de oito horas de autocarro. Chegado a Ciudad Bolivar, poderá caminhar pelo centro histórico, entrar na Casa de San Isidro, onde Simon Bolivar pernoitou, e visitar a imponente catedral. Depois, convido a uma extravagância: visitar a queda de água de Angel Falls, as mais altas de todo o mundo, com quinze vezes a altura das cataratas do Niágara. Apesar de ser possível reservar online, os melhores preços obtêm-se no local. Por cerca de 250 Eur poderá obter um pacote incluindo voos para o parque natural (não é possível chegar por terra) e uma estadia de três dias em acampamento com refeições e a subida por rio até à Angel Falls.

Ilha Margarida

Vindo de Ciudad Bolivar é uma longa viagem, com troca de autocarros em Puerto Pirítu e de Cumana, por ferry, para a Punta de Piedras, já na Ilha Margarida. Poderá descansar aqui alguns dias. As praias são muitas e de sonho e poderá alternar dias de preguiça com caminhadas pelas montanhas da ilha ou visitas aos mangais. Poderá visitar a Isla de Coche, que alberga uma pequena comunidade piscatória. Pode alugar um apartamento em Pampatar por um preço muito razoável e explorar a ilha a partir dessa base.

Caracas

Há uns quatro autocarros por dia que partem de Cumaná e que alcançam Caracas em oito horas. Será melhor iniciar a viagem bem cedo para não chegar à capital depois da noite cair. Talvez a melhor área para ficar seja Chacao. É relativamente segura e central. Aqui está uma boa opção.

Pode começar por usar o metro. De Chacao a Capitolio. Visitar La Casa Natal de Simon Bolivar e o respectivo museu e na mesma área a igreja Nuestra Señora de Las Mercedes e o Mercado Municipal de Chacao. Uma sugestão um pouco mais ousada: o Cuartel de la Montaña, no Barrio 23 de Enero. Existe um Metrobus gratuito. Aqui verá o mausoléo de Hugo Chavez, que se encontra no aquartelamento onde o seu percurso político se iniciou. Existe uma rendição da guarda de 2 em 2 horas, até às 16:00, e às 16:25, hora em que o herói nacional faleceu, dispara-se um canhão.

O Panteão Nacional é um edifício um pouco diferente, uma fusão de estilos moderno e antigo e é ali que se guardam os restos mortais de Simon Bolivar.

Os autocarros para Cartagena, Colômbia, saem do Terminal de Oriente. Fica um pouco fora da cidade, poderá usar um táxi a partir de Altamira ou Chacao, ou ser mais aventuroso e encontrar um minibus desde a estação de metro Petare. Não esqueça de reservar alguma moeda local para pagar a taxa de saída (200 Bolivares). A viagem dura basicamente 24 horas.

A cultura da Venezuela é bastante eclética, pois com uma combinação riquíssima de vários povos e étnias, resulta no interessante povo venezuelano. Aos povos nativos (ameríndios), juntaram-se os colonizadores espanhóis e escravos africanos, que depois da independência da Venezuela vieram para este país, vagas de imigração de toda a Europa (portugueses, italianos, alemães, etc), tal como asiáticos e árabes. É curioso poder vivenciar esta mistura harmoniosa nos costumes e tradições, os quais se mantêm desde os indígenas já aqui presentes, mas que se fundiram com as tradições trazidas por outros povos posteriormente. Esta herança é visível no dia-a-dia do venezuelano e na sua expressividade artística, nomeadamente na dança, música, folclore, artesanato, entre outros. A língua falada é o Espanhol, mas ainda se falam também os dialectos dos povos nativos, assim como as línguas-mãe dos povos imigrantes. O símbolo representativo da Venezuela é a ave Turpial, a árvore Araguaney e a Flor de Maio.

Colômbia (35 dias)

Vale de Cocora, Visitar a Colombia
VALE DE COCORA, COLÔMBIA

Cartagena

O terminal de autocarros fica a 11 km do centro histórico mas tem transportes locais que custam apenas COP 1800 / 0,50 Eur. Sugiro que fique no Mystic House Hostal, muito bem localizado e com uma qualidade de topo no que toca a hostéis. As áreas mais interessantes de Cartagena podem ser visitadas a pé: o Centro Histórico e o Bairro de Getsemaní.

A zona localizada no interior das muralhas é algo turística e os preços são mais elevados. Demasiados estrangeiros e pouco natural. Mas muito bonito e repleto de edifícios cheios de história e com uma arquitectura fabulosa. Nesta área, pode passar algum tempo nos museus mais importantes, como o Palácio de la Inquisición ou o Museo Naval. Suba aos baluartes, explore as ruas.

Quando sentir que já teve o suficiente da área muralhada, aventure-se em Getsemaní, um bairro bem mais genuína onde apesar de existirem turistas e de ser seguro, há um toque de vida local que o torna muito agradável. Ideal para comer e dormir, com muitos cafés e restaurantes. Percorrer as ruas deste bairro é uma delícia e se for adepto de fotografia terá muito com que se entreter. Especialmente interessante é a praça da Iglesia de la Trinidad, onde durante o dia mas especialmente ao final da tarde se reúne uma pequena multidão que a enche de vida. Há espectáculos espontâneos, barraquinhas de comida variada, meninos que jogam futebol, muita animação. É viciante.

Recomendo uma visita ao Cerro de La Popa, onde se encontra o mosteiro com o mesmo nome, que pode ser visitado, mas não é recomendável fazer a subida a pé por questões de segurança. O enorme Forte de San Felipe de Barajas também é uma visita essencial em Cartagena, apesar do preço um pouco alto do ingresso.

É fácil ficar em Cartagena muitos dias. Tudo é económico, as áreas centrais são seguros e é uma cidade muito agradável. Tente planear com alguma antecedência porque na Colômbia a melhor forma de fazer viagens de longa distância é de avião. A VivaColombia! oferece voos a preços equivalentes aos dos autocarros (por vezes até mais baixos, mas tem de adquirir algum tempo antes).

Medellin

O aeroporto de Medellin fica um pouco distante do centro mas é muito simples atingir a cidade através de bem organizados minibus que esperam à saída do terminal.

Apesar da fama negra que Medellin adquiriu com a ascensão de Pablo Escobar, nos dias de hoje é uma cidade relativamente segura, onde se podem passar bons momentos. Não tem uma grande tradição histórica, mas é culturalmente muito activa.

Passeie no bairro antigo, visite umas igrejas, passe umas horas no Museo de Antioquia. O Jardim Botânico vale a pena e é de fácil acesso através do metro Universidad. Ao cair da tarde um belo programa é ir de metro até Acevedo e lá tomar o Metrocable, que oferece vistas espectaculares da cidade. Não perca a Plaza Botero, tente visitar o Cerro Nutibara e o Pueblito Paisa.

Talvez seja bom participar numa free tour ao chegar à cidade, para conversar com quem já conhece e ter uma ideia geral. A Real City Tours é uma das diversas opções.

Santa Fé de Antioquia

A partir de Medellin aconselho duas escapadas com pernoita, e Santa Fé de Antioquia, a antiga capital da região e o local de onde se decretou a independência de Antioquia do domínio espanhol, é uma delas.

Apanhe o metro e vá ao Terminal Norte. Procure a companhia que faz este percurso. Apesar do terminal ser enorme, o pessoal é prestável, especialmente para os viajantes estrangeiros, e não terá dificuldades. Conte com um máximo de duas horas para chegar.

O calor pode ser abrasador nesta terra. É uma encantadora cidadezinha provincial, que parece parada no tempo. É assim como seria uma vila alentejana nos anos 60. Nas lojas vendem-se produtos agrícolas, ferraduras e utensílios que já pertencem a outros tempos.

Não existem grandes monumentos ou pontos de visita obrigatória. É toda a localidade que vale, como uma unidade. A sua praça central, as ruazinhas ladeadas de casas coloridas, os autocarros pitorescos que aguardam passageiros. Suficiente para manter o visitante entretido por uns dois dias, podendo contratar um tuk-tuk para um passeio à espectacular Puente de Occidente.

Para encontrar alojamento será melhor passear um pouco e perguntar preços em condições numas quantas hospedarias.

Guatapé

Chega ao Terminal Norte de Medellin vindo de Santa Fé de Antioquia e pode encontrar logo o autocarro para Guatapé. Esta é uma vila cuja existência foi ameaçada pela construção de uma barragem que lhe levou parte das habitações. Mas a comunidade, em vez de baixar os braços e partir para outras paragens, uniu esforços e avançou com uma ideia que lhe deu vida nova: decorou com cores vivas as ruas e casas, tornou-se um caso nacional e saltou para uma nova fase da sua história. Vale muito a pena visitar Guatapé, apesar de um dia por lá ser mais que suficiente. Sugiro que fique um pouco afastado, num hostel com grande ambiente e excelentes vistas, o Galeria Guatape Hostel, mesmo frente ao imperdível rochedo El Peñon.

Bogotá

A capital da Colômbia é um mimo. Não tem nada a ver com a ideia que muitos ainda têm, de uma cidade perigosa onde não se pode andar… claro que como qualquer grande cidade, mesmo as europeias, existem bairros onde não deve ir, mas há vastas áreas que são encantadoras e onde a segurança é tão boa ou melhor que nas modernas cidades europeias.

Para chegar aqui mais uma vez poderá usar os serviços da VivaColombia!. Se quiser aventurar-se um pouco pode seguir para o centro da cidade de mini-bus ou apanhar um Transmilenio – um moderno sistema de autocarros urbanos.

Sugiro que se aloje na Candelaria, a parte mais antiga da cidade, onde se encontram as ruas mais bonitas e onde o ambiente é fantástico, com muitos restaurantes cheios de personalidade, muita vida académica. Já houve tempos em que esta área era algo perigosa, mas não nos dias de hoje. Explore as vielas decoradas com magnífica arte mural, sinta o pulsar jovem da cidade, passe horas a observar as pessoas na magnífica praça Bolivar, visite museus que, ou são gratuitos ou mesmo muito baratos.

Se tiver sorte estará por Bogotá num Domingo, quando uma boa parte das ruas e avenidas são fechadas ao trânsito automóvel e a população sai para festejar. Os artistas de rua são fenomenais, em qualidade e diversidade. Dicas: não perca o museu Nacional, instalado numa antiga prisão, assim como uma subida ao cerro de Monserrate e uma visita ao topo do edifício Colpatria, que está aberto ao público em determinados dias por um valor irrisório (cerca de 3 Eur)… é um 47º andar e de lá de cima parece que estamos a sobrevoar Bogotá de avião.

Vila de Leyva

A partir de Bogotá poderá visitar esta encantadora localidade durante um par de dias. Alcança-se a partir da capital através de mini-bus que levam cerca de 3 horas a lá chegar e que saem de hora a hora. Trata-se de um exemplo perfeito de pacata vila colonial, onde o ritmo de vida é reduzido e tudo é pitoresco.  

Cali

Pode voltar a usar a VivaColombia! para vencer a distância até Cali, a segunda maior cidade do país. Na realidade não é uma cidade de muitos encantos, mas fica a caminho do Equador e podemos por ali sentir a alma da Salsa, que se dança por todo o lado.

No centro histórico encontraremos gemas como o Teatro Municipal Enrique Buenaventura ou a Catedral de São Pedro. De resto o bairro de San Antonio, com as suas casas dos tempos coloniais e o seu palpitar cultural é “obrigatório”.

Para ficar, o hostel Pajara Pinta oferece um pelo equilíbrio: localiza-se numa das melhores áreas, oferece camas em dormitório a preços baixos e quartos privados por valores muito agradáveis.

Popayan

Está na hora de prosseguir para um novo país, o Equador. Para lá chegar o melhor será fazer uma última paragem em Popayan, uma pequena cidade com muitos atractivos que se encontra a meio caminho entre Cali e a fronteira.

Descanse um dia por aqui, antes de prosseguir para o Equador. É uma cidade calma, com o terminal de autocarros a um curto passeio do centro, e antes da última jornada, até Ipiales, que demorará cerca de oito horas, poderá usufruir das maravilhas de Popayan: as igrejas, a praça de Las Caldas, o teatro municipal, a torre do relógio e o centro histórico, de uma forma geral.

Para estas ligações de autocarro, de Cali a Popayan e de Popayan a Ipiales, poderá usar a Bolivariano.

A cultura da Colômbia é bastante ecléctica, pois existe uma grande mistura entre povos e étnias. A herança cultural dos povos nativos, com a vinda dos povos europeus e colonizadores, tal como a emigração de asiáticos e árabes, resulta numa mestiçagem cultural bastante curiosa. É um país com uma agricultura muito variada, trazendo para a gastronomia colombiana refeições diversificadas e deliciosas. As iguarias que se destacam são a sopa de galinha e batata Ajiaco e as Hormigas colona (formigas fritas). As Empanadas, cujo recheios podem ser muito variados (carne, peixe, feijão, arroz, entre outros) é um prato bastante comum no dia-a-dia dos colombianos. O escritor Gabriel García Márquez foi vencedor do Prémio Nobel da Literatura e levou, com este prémio, a literatura colombiana para o resto do mundo. A música, como tudo o resto, é uma mistura de influências africanas, espanholas, tal como de Trinidad e Tobago, Cuba ou Jamaica, resultando num género musical com uma fórmula musical única, a Cúmbia.

Equador (20 dias)

Pessoas a quem dei boleia em Guangaje nas Montanhas dos Andes, Visitar o Equador
PESSOAS SIMPÁTICAS, EQUADOR

Quito

Cruzar a fronteira com a Colômbia não será um problema. Desde o terminal de autocarros de Ipiales até à fronteira existem bastantes “Colectivos” e já do lado equatoriano o mesmo processo se aplica, com transportes a levarem os viajantes até à estação de autocarros de Tulcan, de onde há partidas frequentes para Quito (quatro a cinco horas, cerca de 5 Euros).

A cidade antiga – um local classificado pela UNESCO como Património da Humanidade – será a base natural para uns quantos dias explorando Quito. Se quiser mesmo poupar dinheiro, tem possibilidades de camas em dormitório por apenas 5 Eur, como no Hostel Escocie – Quito, onde por mais um Euro tem até um quarto privado. Se desejar algum um pouco melhor, o Blue Door Housing, estabelecido numa antiga casa colonial, pode ser uma boa opção.

A capital do Equador é a segunda mais elevada do mundo, e algumas pessoas sentirão dificuldades nos primeiros dias, necessitando de se habituar à rarefacção de oxigénio no ar. Sugiro que se levante bem cedo para um passeio pela cidade antiga, explorando as ruas calcetadas, observando as velhas igrejas do século XVII. Suba ao topo da basílica del Vota Nacional e veja a cidade antiga aos seus pés. Em redor da praça principal – Plaza de San Francisco – reúnem os edifícios  mais importantes e de resto este é um local excelente para a observação de pessoas. As que se deslocam, os vendedores, os engraxadores.

Se lhe apetecer, participe numa das free tours de Quito, uma óptima forma de receber uma introdução à cidade e à sua história.

Noutro dia vá até ao oeste da cidade para uma viagem de teleférico, mas prepare-se para 4100m de altitude, no topo da Cruz Loma.

Se gosta de um serão bem passado, não perca um passeio com algumas bebidas na área de La Ronda, antigamente uma zona perigosa mas hoje bem diferente, podendo-se ver por lá famílias inteiras até altas horas da noite. Simplesmente não vá ou regresse a pé.

Para um dia fora da cidade apanhe o Tren Ecuador e participe numa expedição aos vulcões. Pode simplesmente apreciar a viagem neste comboio centenário ou combinar com uma boa caminhada no parque natural Cotopaxi.

Tena

De Quito pode seguir para Tena, para o interior do país, e uma excelente base para explorações na selva tropical. É uma viagem por autocarro que dura cerca de 5 horas (cerca de 6 Eur), e uma vez chegado o viajante perceberá logo que está numa cidadezinha pacífica e bem ordenada.  

Será fácil encontrar alguém que o leve para um passeio pela selva amazónica, que se inicia logo a 15 ou 20 km da cidade. Há também actividades de rafting e de exploração de grutas. De forma independente poderá visitar a vila de Archidona, a apenas 8 km. Fundada em 1560, tem um ambiente colonial, com uma forte presença religiosa e vale bem a pena.

Para ficar poderá escolher o Hostal Limoncocha, onde um quarto privado não custa mais do que 9 Eur e onde poderão ajudá-lo a encontrar a melhor tour para as preferências.

Baños

Esta é outra pequena cidade, muito ligada à Natureza. Daqui podem-se visitar uma mão cheia de quedas de água, partir para belas caminhadas, algumas directamente a partir da cidade (o posto de turismo costuma ter bons mapas com os percursos) e fazer rafting. Como o nome indica, existem aqui banhos termais que poderão ser uma opção para um dia mais relaxante.

Chega-se a Baños, de Tena, por autocarro directo. Pode ficar no bem localizado Hostal Timara onde um quarto privado custa apenas 7 Eur.

Riobamba

Existem vários autocarros diários entre Baños e Riobamba, onde, para além de observar o interessante património histórico da cidade poderá aventurar-se na montanha vulcânica Chimborazo (6.248 m) cuja ascensão com guia e equipamento custará cerca de 300 Eur.  Se não pode ou não quer subir ao pico, pode facilmente visitar o campo base (4.500 m), onde se chega de autocarro e que está rodeado por Natureza pristina. Pode mesmo subir até à segunda base, 500 m mais acima, mas tenha em consideração a sua forma física e a necessidade de habituação à altitude. Não precisa de pagar nada para entrar no parque nem necessita de guia para este pequeno passeio.

Um quarto humilde na pensão San Gabriel custa 8 Eur, mas pode ter um alojamento melhor no Hotel Estácion.

Alausi

A paragem nesta pequena cidade tem uma intenção especial: viajar no comboio El Nariz del Diablo, actualmente operando para fins turísticos mas ainda um dos percursos ferroviários mais espectaculares do mundo.

As condições mudam com frequência, mas a última informação aponta para saídas diárias excepto à Segunda-feira, com um comboio às 8 da manhã e outro às 11. As viagens duram duas horas e meia (ida e volta) e custam USD32. Compre com a antecedência possível. Talvez seja possível adquirir o bilhete ainda em Riobamba. Peça um bilhete do lado direito do comboio, essa posição oferece as melhores vistas. Existe uma opção mais em conta, um autoferro (autocarro sobre carris), que poderá custar algo como USD 6, mas as saídas são irregulares e deverá informar-se no local.

Uma vez em Alausi, suba até à estátua de San Pedro, lindíssima e de a partir de onde se tem vistas espectaculares sobre a vila. Visite a ponte ferroviária El Puente Negro, a apenas 600 m da localidade.

De Riobamba há autocarros frequentes (cerca de 2 horas). Não existe muita oferta de alojamento e o Hostal Ventura será a opção mais económica, a 24 Eur com pequeno-almoço incluído.

Cuenca

De Alausi para Cuenca o autocarro demora cerca de 5 horas. Do ponto de vista do visitante Cuenca vale pelo seu centro histórico, onde se caminha facilmente, podendo-se apreciar os clássicos edifícios coloniais e os muitos cafés cheios de personalidade. Tudo isto é aliás Património Mundial da Humanidade (UNESCO).

Daqui pode-se fazer uma expedição de dia inteiro a Ingapirca, um impressionante complexo de ruínas Incas. Pode apanhar um autocarro, bem cedo, no Terminal Terrestre (USD 2,50). A entrada no parque custa USD 6,50, incluindo uma visita guiada.  Se conseguir chegar lá às 9, poderá regressar no mesmo autocarro que volta a Cuenca às 13:00.

O lugar a ficar em Cuenca parece ser o Bed and Breakfast Mario & Patricio, económico, bem cotado entre os viajantes, com múltiplas opções de alojamento.

A cultura do Equador é bastante eclética, onde encontramos uma população que representa uma mistura dos ameríndios (povos nativos) com os europeus (especialmente espanhóis), mas também com os escravos africanos. Os antepassados que aqui viveram, cultivavam imenso o milho, alimento usado no dia-a-dia do equatoriano – usado em massas, farinha e chicha (bebida). Os povos nativos foram convertidos ao catolicismo após a colonização, embora estes mesmos povos tenham reservado as suas tradições originais até aos dias de hoje. A Música e Dança são exemplos disso, hoje ainda é usada a Flauta de Pan e a Dança, celebrada em prol do culto aos Deuses que abençoam as colheitas, nomeadamente o Chacarera, o Chamamé, o Cielito, o Bambuco e o Tango. É uma cultura que vive de contrastes, até por ser um país bastante pequeno, existe a facilidade de viajar para a Colômbia ou para o Peru, trazendo também muitas influências destes países.

Peru (30 dias)

PARACAS, PERU
PARACAS, PERU

Mancora

Chegar ao Peru a partir de Cuenca não é complicado: existem diversas ligações por autocarro directo, custando a viagem cerca de 15 USD. A cidade peruana de chegada é Mancora, onde será melhor passar a noite. Tanto mais não seja porque a melhor opção para a viagem é o autocarro nocturno: as estradas estão vazias e a fronteira tem pouco movimento. Assim, se algumas viagens diurnas podem chegar às 14 horas de duração, a ligação de noite dura cerca de sete horas.

Quanto a Mancora, se lhe apetecer festa da bruta, comida e bebida sem interrupção e alguma praia, poderá considerar passar aqui uma ou duas noites extras. Se for esse o caso talvez queira mudar-se para Las Pocitas, uma zona adjacente onde se encontra alojamento de melhor qualidade e onde o ambiente é melhor para repousar durante a noite.

Se quiser cometer uma excentricidade, espreite aqui o Hotel de Las Olas, mas se o orçamento é mesmo apertado, talvez prefira o Psygon Surf Camp ou o Hostel Loki del Mar.

Trujillo

TRUJILLO, PERU
TRUJILLO, PERU

Fazer o troço Máncora – Trujillo não é complicado. Ainda são umas centenas de quilómetros, mas felizmente existem boas companhias de autocarros a efectuar o trajecto: Emtrafesa, Oltursa, Dorado e Transportes Linea. Entre si, estas empresas oferecem uma enorme variedade de serviços, com viagens diurnas e nocturnas, havendo até autocarros com camas. Os preços variam entre os 9 Eur e os 30 Eur e a duração da viagem ronda as 8 horas.

Existem suficientes razões para se manter em Trujillo alguns dias. O próprio centro histórico é agradável, típico das cidades coloniais espanholas, com muitas casas históricas que podem ser visitadas, especialmente da parte da manhã. Se for fim-de-semana poderá achar interessante deslocar-se à Laguna Conache (3 PEN + 7 PEN para o transporte) e conviver com as gentes locais que ali acorrem para passar os seus tempos livres.

Nos arredores há que visitar Huaca del Sol y de la Luna, um complexo de ruínas da civilização Moche e as Ruínas Chan Chan, vestígios de um reino devastado em 1470 pelos Incas, onde se pode chegar de transportes públicos.

De Trujillo, se o viajante assim desejar, sugiro uma deslocação com estadia de uma noite (ou mais) a Cajamarca, uma atraente cidade de montanha (2720 m) que é para muitos como uma mini-Cuzco, sem tantos turistas e mais recatada. A sua importância histórica é imensa: foi aqui que em 1532 Pizarro capturou o imperador inca Atahualpa.

Em Trujillo dificilmente encontrará uma melhor relação preço-qualidade do que no Hostel Enkanta, mas se faz questão de ter um quarto privado a Residencial Munay Wasi poderá ser a solução para si.

Huaraz

A próxima paragem será num registo um pouco diferente. Huaraz localiza-se a 3.100 m de altitude, aconselhando-se alguma prudência a quem tiver dificuldades para lidar com a rarefacção de oxigénio. Talvez uns dias na referida Cajamarca possam ajudar.

A viagem de Trujillo leva umas 9 horas e custa cerca de 15 USD, podendo usar-se os serviços da Movil Tours ou da Transportes Linea.

Huaraz é acima de tudo um local para se apreciar a Natureza. Existem grandes pontos para escalada, especialmente na Cordillera Negra, mas quem preferir apenas caminhar será bem servido. Os amantes do rafting têm também opções interessantes no Rio Marañón.

A Aldos Guesthouse está localizada bem no centro e será uma boa opção para dormir em Huaraz, até porque tem várias opções de alojamento.

Para viajar até Lima, existem algumas companhias de autocarros, quase todas com partidas ao serão para um percurso nocturno que leva cerca de oito horas. Convém comprar a passagem um dia antes.

Lima

LIMA, PERU
LIMA, PERU

Lima é uma grande cidade, com quase 8 milhões de habitantes, e muitas vezes é tida como local de menor interesse na América Central. É preciso não esquecer que o seu centro histórico é considerado Património Mundial pela UNESCO e que há muito para ver por lá.

Pode começar por visitar o centro histórico, com as suas calçadas de pedra luzidia e antigos edifícios coloniais mantidos em rigor. Procure subir à torre sineira da igreja do mosteiro de São Domingos, de onde se pode ter uma das melhores vistas da cidade.

Não perca a Plaza de Armas, a grandiosa praça central, onde Francisco Pizarro fundou a cidade no século XVI.

Noutro dia visite Barranco, um bairro histórico mais afastado, passando pela sua charmosa praça central e não perdendo a Iglesia de La Ermita, muito ligada ao culto da comunidade piscatória. Dali terá fácil acesso ao malécon – passeio marginal – onde reina um ambiente muito positivo, especialmente em dias de clima agradável.

Poderá passear pelo Parque de la Reserva, não muito longe do centro histórico, muito apreciado pelos limeños, onde ao fim da tarde se fazem fabulosos espectáculos de luz sincronizada nas muitas fontes que existem no espaço.

Se gosta de museus, não perca o Museu Larco, baseado numa bonita mansão do século XVII, com colecções de arte pré-colombiana. Mas há dezenas de museus em Lima e se a chuva atacar terá muito com que se entreter: Museo de Arte de Lima, Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História, Museo Pedro de Osma, Museo del Automovil – Coleccion Nicolini, Museu da Inquisição, Museo Metropolitano de Lima… esta é mesmo uma cidade de museus e o viajante só terá que procurar o tema da sua preferência.

Miraflores é uma área da cidade muito apreciada pela sua relativa segurança e ambiente de classe média, com muito para fazer, essencialmente cosmopolita, dividida entre a Lima histórica e o oceano. Parques, centros comerciais, passeios marítimos, restaurantes de qualidade. É uma opção válida, se sentir necessidade de reencontrar uma zona de conforto.

A fama de Lima em termos de insegurança é épica. Mas um pouco exagerada. Claro que há áreas da cidade pouco recomendáveis, como todo o bairro de Callao, que abraça o porto. Também é preciso alguma cautela com os táxis, recomendando-se a utilização de companhias credenciadas. Mas com senso comum e andando-se pelas zonas históricas e de classe média e alta, está-se à vontade.

Com uma cidade tão grande é difícil recomendar um lugar para ficar. Depende muito de cada pessoa, mas vamos lá… Suspiros del Inka fica em Barranco, é bem cotado pelos viajantes, inclui pequeno-almoço é económico e pode-se optar entre dormitório e quarto privado. Se preferir a zona de Miraflores o ZigZag Hostel será uma boa escolha.

Ica e Huacachina

HUACACHINA, PERU
HUACACHINA, PERU

A caminho do sul poderemos parar aqui. Não há muito para ver e fazer, mas o ambiente é diferente e poderá saber bem experimentar algo assim: de repente está-se no deserto, rodeado de altas dunas de areia dourada. Os pôr-do-sol são épicos. E se quiser gastar algum dinheiro pode explorar o deserto envolvente com um buggy ou um 4×4 convencional.  

Para chegar a Ica aconselho o autocarro da Cruz del Sur a partir de Lima. A viagem dura cerca de 5 horas. Huacachina é um oásis, centrado num lago de cor esmeralda rodeado de dunas e estabelecimentos turísticos. De Ica a Huacachina só se chega de táxi mas é barato (5 PEN – 1,50 EUR) e fácil.

Para dormir, a Wild Olive Guest House é uma boa aposta.

Cusco

CUSCU, PERÚ
CUSCU, PERÚ

Chega-se a Cusco depois de uma longa viagem de autocarro. Mais uma vez o melhor será usar a Cruz del Sur, mas se precisar de poupar algum dinheiro, vá até à estação rodoviária e encontrará propostas de valor bem mais reduzido, por vezes apenas um terço do que é pedido (cerca de 50 EUR) pela consagrada companhia.

Cusco é talvez o local mais turístico do Peru. É uma cidade pitoresca, Património Mundial da UNESCO e principal base de partida para a visita a Machu Picchu.

Felizmente é uma cidade relativamente segura, sendo raro o assalto violento, pelo menos nas áreas centrais, onde os turistas circulam. Contudo, encontra-se a 3.400 m de altitude e isso pode colocar problemas a alguns. Se não está habituado à altitude, vá com calma, use um par de dias para descansar e permitir que o seu corpo se adapte.

Como em todas as cidades da América Latina, a Plaza de Armas é a referência incontornável de Cusco. Em redor desta praça central encontram-se as melhores casas do período colonial e todo o tipo de restaurantes, bares, igrejas, museus, lojas. Alguns quarteirões afastada, a Plaza de San Francisco merece uma visita, especialmente porque o mercado central se encontra mesmo ao lado e é ainda bastante genuíno.

Dê uma vista de olhos no mercado de São Pedro, talhado para o público local apesar de ter umas quantas lojas de souvenirs.

Aconselho os passeios a pé às ruínas pré-colombianas de Sacsahuaman e de Qenko. Para além do ser passeio histórico, de lá pode ter uma vela vista sobre Cusco e ver como o seu corpo responde à caminhada em altitude antes de começar a pensar em Macho Picchu.

Uma dica: se pensa ficar por Cusco tempo suficiente para explorar a fundo a cidade e área envolvente, compre o Boleto Turístico. Com cerca de 45 Eur ganha acesso a 16 atracções turísticas que poderá visitar durante dez dias.

Cusco está repleta de hostels e outros estabelecimentos hoteleiros, tornando-se difícil escolher um lugar para ficar. O Ukukus Hostel é uma boa opção, mas espreite também o Intro Hostels Cusco e o Dragonfly Hostels Cusco.

Macho Picchu

MACHO PICCHU, PERU
MACHO PICCHU, PERU

De Cusco chega-se a Macho Picchu. Este é um dos locais mais míticos do mundo, para quase todos o ponto mais alto (até de forma literal) de uma viagem pela América Latina. Macho Picchu é uma antiga cidade inca, construída no sítio mais inacessível, nos picos montanhosos dos Andes.

Tenha em conta que as reservas deverão ser feitas com a antecedência possível. Isto pode parecer um inconveniente mas considero que é na realidade uma bênção: sucede porque as autoridades do parque decidiram limitar o número de visitantes diários a 2.500. Pode ser aborrecido ter que reservar com tanta antecedência, mas usufruir do ambiente de Macho Picchu em relativa serenidade vale bem a pena.

Trilho Inca

VALE SAGRADO, PERU
VALE SAGRADO, PERU


Este é o derradeiro desafio. Chegar a Macho Picchu depois de completar uma caminhada em altitude que leva quatro dias. É preciso ter ainda mais atenção às reservas nesta opção, porque apenas 500 pessoas por dia são autorizadas a sair para o trilho. Em 2017 todas as reservas para Maio esgotaram-se no dia em que foram colocadas à venda, em Janeiro. Existe uma alternativa, com soluções mistas, que levará apenas dois dias a concluir.

O melhor será trabalhar com uma empresa local de tours, como a Peru Treks ou a Inca Trail Peru. O custo total rondará os 700 USD.

Trilho Inca de Transportes Públicos

De Cusco há comboios que sobem até Aguas Calientes (agora chamada de Macho Picchu Pueblo), uma pequena aldeia bem próxima da cidade perdida. Há dois operadores a oferecer este serviço, a Peru Rail e a Inca Rail. Não é barato! Mesmo que o viajante apanhe o comboio em Ollantaytambo, a cerca de 60 km de Cusco, que tem mais ligações diárias, o preço ronda os 110 USD (ida e volta). Para sair dos arredores de, o valor sobe para 160 USD! A percurso demora entre 3 a 4 horas.  Também para o comboio será bom reservar com a antecedência possível.

Uma coisa é certa: terá que passar uma ou mesmo duas noites fora, entre Aguas Calientes e Ollantaytambo. Na primeira, tem algumas opções económicas, como a Casa Macho Picchu ou, um pouco melhor, o Gea Lodge. Quanto a  Ollantaytambo, o Ollantaytampu Hostel Main Square dificilmente será batido.

Uma vez em Aguas Calientes, tem duas hipóteses para finalmente alcançar Macho Picchu: de autocarro, esperando provavelmente na fila e pagando 12 USD para cada lado; a viagem demora cerca de 30 minutos. A pé, são 8 km, seguindo a estrada que o autocarro leva. Claro que pode combinar, subindo de autocarro e descendo a pé.

Arequipa

AREQUIPA, PERU
AREQUIPA, PERU


Depois da expedição a Macho Picchu é hora de prosseguir caminho rumo ao próximo país, a Bolívia. Mas antes, uma última paragem ainda no Perú, na sua segunda cidade mais populosa, Arequipa. Para lá chegar, de novo os autocarros nocturnos da Cruz del Sur Cruzero, que o deixarão no terminal de Arequipa bem cedo de manhã.

Entretenha-se com o centro histórico, em redor do qual existem pelo menos 250 edifícios coloniais, e onde a Plaza de Armas marca o ponto onde tudo acontece. Passe pelo colorido mercado de San Camilo, a apenas três quarteirões da praça central e visite os conventos de Santa Catalina e o de Santa Teresa.

Procure a Puente Fierro, um pouco mais afastada. Foi desenhada por Gustave Eiffel e oferece um excelente pouso para obter as melhores imagens dos vulcões que rodeiam Arequipa, especialmente ao fim da tarde. Não muito longe da ponte há um moinho de água centenário, Molino de Sabandía, construído no século XVII.

Se quiser contactar com a Natureza pode fazer um passeio até ao Parque Nacional de Salinas, muito apreciado pelos observadores de pássaros. Há um autocarro que sai da Av. Sepulveda, por volta das 6:30 da manhã, havendo transporte de volta à cidade às 16:30. O percurso demora cerca de três horas e meia.

Para pernoitar, ficará bem instalado no El Albergue Español.

A cultura do Peru é naturalmente bastante eclética, uma vez que existe aqui um historial cultural inigualável. Existe uma herança única dos Incas, a civilização que construíu um verdadeiro império recheado a ouro e com uma sabedoria bastante avançada para a época. Com a chegada dos europeus (espanhóis) e a colonização contribuíram para aquilo que é hoje o povo peruano. Para além de ser a civilização mais antiga da América do Sul, está numa localização geográfica bastante interessante, devido à fronteira entre a Colômbia, Equador, Brasil, Bolívia e Chile. Existe uma paixão imensa em relação ao futebol, momento que junta os peruanos com muita comida e bebida. A música tem um papel essencial na sociedade peruana, pois são conhecidos por produzir instrumentos musicais com o que a natureza lhes oferece – búzios, ossos de animais, entre outros – que se alia à influência espanhola, criando fusões entre as diferentes sonoridades. O idioma falado é o Espanhol, no entanto, os peruanos também comunicam com o Quechua e o Aymara.

Bolívia (15 dias)

Vista do Lago Titicaca, Visitar a Bolívia
LAGO TITICACA, BOLIVIA

La Paz

Para chegar a La Paz a partir de Arequipa existem autocarros que saem da cidade peruana por volta da uma da manhã e chegam à capital administrativa boliviana pelo meio-dia seguinte.

Espero que por esta altura o corpo do viajante já esteja bem habituado à altitude, porque La Paz se encontra entre os 3.000m e os 4.000m de altitude. As boas notícias é que apesar de não se tratar das cidades mais seguras do mundo é mesmo assim das melhorezinhas capitais da América Latina nesse aspecto.

A Plaza Murillo faz as vezes de praça central, mas em La Paz há vários focos de interesse. Para o viajante a rua Sagarnaga tem especial importância. É bem no centro e ali se encontra a maior concentração de hostéis e lojas vocacionadas para os visitantes. Bem perto encontramos o Mercado de las Brujas, com muitos produtos locais, alguns destinados a rituais mágicos.

A Calle Jaen é ideal para quem gosta de arquitectura colonial. Há aqui o melhor grupo destes edifícios em La Paz e é também uma área com muitos museus.

Às Quintas-feiras e Domingos há o mercado em El Alto. Algum cuidado acrescido com a segurança e poderá visitar aqui um dos maiores mercados do mundo.

Quanto a museus, na praça de San Francisco, há o Museu de São Francisco, num antigo complexo religioso onde muitos dos factos históricos determinantes para a Bolívia tiveram lugar. Como bónus, o visitante pode subir à torre sineira.

De interesse será também o Museu Nacional de Etnografia e Folk e o Museu Nacional de Arte. Existe um bilhete combinado http://www.circularbolivia.com para estes três museus, que serão os mais relevantes de La Paz.

Pela sua morfologia, La Paz tem excelentes miradouros que merecem ser visitados: do Mirador Kili Kili tem-se das melhores vistas da cidade, o acesso é gratuito e pode-se perfeitamente caminhar a partir do centro.  Mais longe, para a área da Universidade, o Parque Laikacota oferece uma perspectiva bastante interessante.

Uma actividade sugerida é apanhar o teleférico e subir a cotas ainda mais elevadas. Existem três linhas de teleférico que poderá combinar. Uma delas leva-o precisamente até perto do mercado em El Alto. O preço é muito agradável, a cerca de 0,40 Eur por trajecto.

Se decidir ficar uns dias a mais em La Paz, pode fazer alguns passeios para fora da cidade: Tiwanaku é um complexo arqueológico pré-Inca, classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO e facilmente alcançável a partir de La Paz; a entrada custa cerca de 10 Eur. A montanha de Chacaltaya é um desafio mais ousado; representa uma subida a mais de 5.000 m e pode ser feito de várias formas e com alguma investigação até de forma independente, com autocarros a sair de La Paz (mas é um serviço irregular e é melhor não contar muito com isto). Um táxi custa pouco mais de 30 Eur e inclui uma espera de umas três horas para que possa explorar um pouco a montanha. Se for a El Alto será mais barato e a viagem será encurtada para uma hora para cada lado.

Para se alojar em La Paz poderá considerar o Hostal Austria, numa das melhores localizações da cidade e com várias opções de alojamento. Para algo um pouco melhor mas mais afastado do centro, veja a Residencial Latino.

Sucre

A segunda paragem na Bolívia é em Sucre, a capital oficial do país. A viagem de autocarro não é fácil, considerando a distância e a condição das estradas. Existem várias opções mas recomendo o trajecto nocturno seguindo a rota que passa por Oruro e Potosi. A não ser que as coisas melhoram a viagem por Cochabamba é mesmo muito complicada em termos de qualidade de pavimento. O preço para o autocarro nocturno com uma caminha é de cerca de 20 USD. Para os corajosos que queiram poupar dinheiro, a viagem num autocarro local custa apenas 6,50 USD. Pode fazer a reserva na estação de autocarros de La Paz.

Sucre é uma cidade bonita e tranquila, influenciada desde sempre pela proximidade das famosas minas de prata de Potosi. A arquitectura do seu centro, bem compacto, é essencialmente neo-clássica. Não é preciso mais de um dia para visitar o essencial de Sucre, aglomerado em torno da Plaza 25 de Mayo. Aqui se encontra a catedral, câmara municipal, o governo regional e a famosa Casa de La Liberdad, para além de um número de restaurantes e cafés.

Na extremidade do Casco Viejo existe outra praça, La Recoleta, conhecida pela sua animação, e onde para além de um museu e de uma bonita igreja vamos encontrar o Mirador Cafe, ideal para descansar um bocado apreciando uma das melhores vistas da cidade. Na extremidade oposta do centro histórico poderá passear pelo Parque Bolivar, muito apreciado pelos locais.

Se quiser sair um pouco da cidade, considere o trilho das Sete Cascatas, com início a cerca de 8 km a norte, na aldeia Alegria. Informe-se antes. No passado houve alturas em que era perigoso fazer-se o percurso.

Esta é uma cidade bem servida com alojamento de qualidade. Os hostéis mais atraentes encontram-se estabelecidos em casas coloniais, como é o caso do bonito Colors House onde também poderá reservar um quarto privado, ou da Casa de Huespedes Condor.

Uyuni

Quase todos já vimos imagens – sempre espectaculares – do Salar de Uyuni, esse imenso “mar” de sal que se estende por cerca de 10.000 km2. E é na Bolívia que se encontra esta maravilha da natureza, sendo a pequena cidade de Uyuni a base ideal para visitar.

A única ligação directa de Sucre sai às 6 da manhã (confirmar) sendo que todas as outras implicam mudança de autocarro em Potosi. O trajecto demora 10 horas. Se quiser mudar em Potosi, não se preocupe: há autocarros a cada hora e para a segunda parte da viagem as ligações são ainda mais abundantes. O bilhete custa cerca de 10 Eur.

Para visitar o Salar é, em princípio, necessário contratar uma empresa de tours. Não se preocupe muito com comparações: as condições, preços e percursos são bastante similares. Espere pagar uns 100 Eur pela expedição de três dias e cerca de 17 Eur para uma visita de um dia.

Em Uyuni não é fácil encontrar uma boa relação preço-qualidade para o alojamento. Se está com orçamento reduzido, O Marjor Hostal é a opção mais económica. Para algo melhor, o Hotel de Sal Casa Andina pode ser uma excentricidade a considerar.

A cultura da Bolívia é bastante interessante e eclética, pois a mistura entre os povos nativos desta região com os povos colonizadores, neste caso dos espanhóis, resultam no que hoje conhecemos o que é o povo boliviano. As influência incas e de outros povos indígenas aqui existentes são imensas e bastante visível na música e no vestuário. É um povo completamente apaixonado por futebol, praticado por todos e em cada esquina. O El Carnavak de Oruro, é uma festa cheia de cor e música, momento em que todos os bolivianos saem de casa. Existe uma grande ligação à vida rural na Bolívia, embora exista também muito presente um sentimento urbano nas cidades, o que faz desta terra um lugar especial. A Bolívia tem três línguas oficiais, o Espanhol (utilizado oficialmente na educação, administração e negócios), o Quechua e o Aymara (usado no dia-a-dia entre a família e amigos).

Chile (5 dias)

Deserto de Atacama Chile
DESERTO DE ATACAMA, CHILE

San Pedro de Atacama

Para se viajar de Uyuni para San Pedro de Atacama será necessário recorrer a uma empresa de tours, recomendando-se a chilena Atacama Mistica, com escritório em Uyuni.

San Pedro de Atacama é uma pequena cidade localizada numa paisagem de outro mundo. Toda a área é rica em quartzo e cobre e o aspecto envolvente é surpreendente. Os pontos de interesse são portanto fora cidade, que serve como mero ponto de apoio para a exploração dos Geysers tel Tatio, do Valle de La Luna e das Lagunas Altiplanicas.

Os Geysers são dos mais altos do mundo mas não é simples chegar até eles. As agências que oferecem tours para uma visita, têm partidas às 4 da manhã e geralmente a visita é combinada com Machuca, uma cidade mineira abandonada. O acesso ao Valle de La Luna é pago (cerca de 3000 Pesos) e geralmente não está incluído no preço das tours. As Lagunas Altiplanicas visitam-se de forma combinada, passando-se por salinas e aldeias tradicionais entre cenários que parecem saídos dos Alpes.

Se pretende ir nestas três tours reserve dias em conformidade para San Pedro de Atacama, mas existem mais coisas para fazer, dentro e fora da cidade.

Por aqui o alojamento não é barato, com o preço normal de uma cama em dormitório a rondar os 15 Euros. Poderá ficar no Pangea Norte, cuja localização central lhe facilitará a vida.

A cultura do Chile é bastante eclética, uma vez que existe uma misceginação imensa. Os povos nativos misturaram-se naturalmente com os colonizadores espanhóis e a partir do século XIX, de outras influências europeias, nomeadamente de ingleses, alemães e franceses. Existe uma tradição bastante importante para todos os chilenos que acontece nos dias 18 e 19 de Setembro – Festas Pátrias, nas quais se comemoram o Primeiro Governo em 1810. Nestas festas existem banquetes preparados de boa comida, chicha e vinho tinto ao som de Cueca e Cúmbia. Durante na primeira quinzena de Março, os chilenos saem todos à rua para a pisada da uva. A Festa La Tirana, entre 12 e 17 de Julho, vive-se uma espécie de Carnaval, com roupas e máscaras coloridas, com o intuito de afastar os maus espíritos. O povo chileno é muito amigo, simpático e anfitrião, sendo bastante visível na forma como vivem o seu dia-a-dia de forma prestável com os seus amigos, vizinhos e novos visitantes.

Argentina (15 dias)

LA TROCHITA, ARGENTINA
LA TROCHITA, ARGENTINA

Salta

Depois de uma passagem breve pelo Chile, entraremos na Argentina, que teremos que atravessar para chegar ao Paraguai. A Salta chega-se com facilidade a partir de San Pedro de Atacama, mas a viagem tem uma duração de cerca de 10 horas. Mas vale a pena, porque é verdadeiramente cénica! A paisagem é de cortar a respiração. Tenha em consideração que a viagem custa mais de USD $50 e que nem sempre o sistema Multibanco está a funcionar em San Pedro de Atacama. E informe-se nos escritórios da empresa de autocarros com antecedência, porque não há partidas diárias. A Gemini Bus é recomendada.

Salta não é das cidades argentinas mais conhecidas mas é surpreendentemente agradável. Poderá até querer tirar uns dias para relaxar por aqui, depois dos dias de exploração intensa do Altiplano. Para começar, que tal uma free tour de Salta.

Apesar de ser uma cidade relativamente pequena, com meio milhão de habitantes, é muito animada e o centro histórico oferece uma vasta variedade de imóveis de arquitectura colonial.

Se sente falta de visitar um museu, não perca o Museo de Arqueología de Alta Montaña, onde se encontram três múmias incas em impecável estado de conservação. Ou então tente o Pajcha, um excelente museu etnográfico, privado, com uma bela colecção e pessoal muito interessante; (65 Pesos e inclui uma visita guiada por um dos directores).

Suba ao Cerro de São Bernando, de onde se obtém uma vista global de Salta e onde se chega por teleférico (110 Pesos ida e volta) ou trepando os 1070 degraus que conduzem ao topo da colina de 1460 metros.

Para os apaixonados dos comboio há um percurso turístico que representará um rombo no orçamento: o Tren a Las Nubes, uma linha de altitude que leva o passageiro por uma paisagem surreal e que é um testemunho do engenho dos seus construtores. O problema é que o passeio custa cerca de 150 Euros.

Para dormir vou sugerir o hostel Salta por Siempre, instalado numa casa colonial relativamente próxima do centro.

San Salvador de Jujuy

De Salta chega-se a San Salvador de Jujuy num instante. São apenas duas horas de autocarro e a estação fica apenas a 15 minutos de marcha descontraída do centro da cidade. Esta é uma visita colateral, vai-se regressar a Salta para prosseguir a viagem, mas estando-se tão perto seria uma pena perder Jujuy.

Aqui vai o viajante encontrar uma pacata cidade que parece perdida no fim do mundo. Em seu redor existem alguns excelentes trilhos para caminhada que poderá explorar.

Pode pernoitar no Hostelina, que não será o melhor hostel do mundo mas mesmo assim oferece possivelmente a melhor relação preço-qualidade de Jujuy. Depois, é regressar a Salta para seguir para Córdova, bem mais a Sul.

Córdova

A viagem de autocarro desde Salta dura 13 horas e custa entre 200 a 350 Pesos. É o tempo necessário para ultrapassar os cerca de 900 km que separam as duas cidades, mas se não suportar a ideia de estar tanto tempo em trânsito, considere passar uma noite em Tucuman (4 horas de viagem, 120 Pesos, com a Flecha Bus) que tem um bonito e compacto centro histórico.

Córdova foi fundada em 1573, e entre as cordilheiras nasceu uma cidade que se tornou a segunda maior da Argentina, com cerca de milhão e meio de habitantes. A sua universidade, criada em pelos Jesuítas em 1613, valeu-lhe a alcunha de La Docta, que ainda conserva perante a importância do seu universo universitário.

O centro da cidade – Património da Humanidade UNESCO – oferece uma combinação interessante entre edifícios modernos e traços do passado colonial. É na Plaza San Martín e em seu redor que se concentra o maior número de edifícios históricos, mas outras partes de Córdoba merecem a atenção. É o caso do Barrio Guemes, com uma atmosfera clássica e sempre muito animado. Se quiser pagar um pouco mais, o 531 Hostel é uma excelente opção, por tudo.

No hostel Mate! poderá encontrar várias opções de alojamento, sendo que uma simples cama em dormitório custa uns meros 5 Euros. Além disso, é muito bem localizado e tem boas críticas por parte dos clientes.

Buenos Aires

Se quiser variar, em vez do usual autocarro pode seguir de comboio para Buenos Aires. O bilhete mais barato custa apenas 300 Pesos (18 Euros) mas é um desafio duro, seguir durante cerca de 18 horas numa cadeira de comboio. Existem compartimentos com cama mas é quase impossível comprar bilhetes, que se esgotam com semanas, por vezes meses de antecedência. Poderá consultar aqui os detalhes.

Preferindo o autocarro, não tem muito com que se preocupar: existem inúmeras partidas diárias, demorando o percurso entre 9 a 13 horas.

A capital da Argentina é um mundo e para muitos viajantes fica na memória como a sua cidade favorita na América do Sul. Para começar, para ficar com uma ideia geral e colocar as questões que possa ter a quem melhor conhece a cidade, poderá integrar-se numa free tour.

Nos dias que se seguem quererá explorar com mais detalhe pelo menos quatro áreas de Buenos Aires.

O Microcentro, que é o centro histórico, com a sua famosa avenida 9 de Julio, a mais larga avenida do mundo com 22 faixas de rodagem. Também nesta área encontrará a Casa Rosada, o centro do Governo, localizada na Plaza de Mayo que se encontra bem guarnecida de edifícios notáveis. Passeie pela Avenida de Mayo e aí descubra o Café Tortoni e visite o Palácio Barolo (#1370).

O Bairro de San Telmo, uma boa área para ficar acomodado, oferece um pouco de tudo. O Tango está aqui presente e a atmosfera da Buenos Aires clássica também: a Plaza Dorrego é a segunda mais antiga da cidade e aos Domingos de manhã tem uma grande feira de velharias com o tango a aparecer ao fim da tarde. Não perca a Manzana de las Luces, um quarteirão cheio de História cujos edifícios foram construídos sobretudo entre os séculos XVII e XVIII, e onde se pode visitar parte de uma rede de túneis que ligavam todos os prédios da zona.  

Procure também visitar o Mercado de San Telmo. Por fim, visite a Pasaje San Lorenzo e o edifício El Zanjon de Granados, o mais antigo do bairro, construído há quase 500 anos.

Recoleta é um dos bairros mais finos de Buenos Aires. O custo do imobiliário aqui é elevadíssimo, com edifícios construídos num estilo muito francês, a fazer lembrar a Paris clássica. Recomendo uma visita ao histórico cemitério de Recoleta e um passeio a pé pelas avenidas Alvear e Libertador, ladeadas de belos prédios, como o Palácio da Embaixada Francesa, o Alvear Palace Hotel ou o Palácio Duhau.

La Boca distingue-se pelo ambiente colorido mas é preciso alguma prudência. As áreas turísticas são seguras, mas com facilidade um viajante distraído entra por ruas pouco recomendáveis. Aqui reside o famoso clube de futebol Boca Juniors e a alma do tango argentino.

Há outras áreas de Buenos Aires que, tendo tempo, poderá visitar, como o Retiro – onde se encontra a principal estação ferroviária – ou Puerto Madero – uma zona portuária requalificada. Uma semana será pouco para conhecer a capital da Argentina, até tendo em conta que há também passeios que se podem fazer fora da grande metrópole.

Por exemplo, vá a Luján, uma agradável localidade dos arredores de Buenos Aires onde se chega facilmente de transportes públicos. De lá encontre uma forma de chegar a Carlos Keen, uma pacata aldeia que certamente lhe agradará. Tente terminar o dia em Capilla do Señor, uma outra localidade da região de onde poderá regressar à grande cidade.

Escolher alojamento em Buenos Aires tem muito de gosto pessoal, sobretudo pela escolha da localização. Considerando a relação preço – localização – qualidade, vou sugerir o Hostel Art Factory San Telmo, que como o nome indica se encontra no bairro de San Telmo.

A cultura da Argentina é bastante eclética, pois devido à grande diversidade geográfica e a combinação de muitas etnias, fazem deste país um lugar bastante rico culturalmente. O povo argentino é composto por descendentes indígenas e de europeus, mais propriamente de espanhóis e italianos. É um país bastante ligado às artes e à ciênci, e um óptimo promotor das actividades ligadas às mesmas, nomeadamente, Conferências, Concertos, Peças de Teatro, Ópera e Ballet, Exposições, entre outros. Na Música é de destacar a música popular argentina, o Tango, o qual é bastante dançado por todos os argentinos. Na capital, em Buenos Aires, o Tango está presente em cada esquina (arte de rua) ou taberna/restaurante, fazendo deste sítio um lugar bastante singular e especial. A gastronomia é bastante variada, mas é a carne de qualidade o seu ex-libris, conhecida em todo o mundo. O Futebol é uma das maiores paixões do povo argentino, sendo o Maradona o maior ícone futebolístico deste país.

Uruguai (10 dias)

MONTEVIDEU, URUGUAI
MONTEVIDEU, URUGUAI

Colónia

Viajar de Buenos Aires até Colónia, já no Uruguai, é simples. Vai-se de barco, atravessando-se o Mar de la Plata, com partida do terminar de ferries de Puerto Madero, no centro da cidade. Será ideal se conseguir programar este troço com alguma antecedência, evitando o congestionamento dos fins-de-semana e obtendo o melhor preço comprando online a uma das três companhias que operam a rota: Buquebus, Colonia Express e Seacat.

Colónia é uma encantadora cidade, bastante compacta, com o terminal de ferries e de autocarros bem próximos do centro. Está classificada como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO e tem uma particularidade: encontra-se na América Latina de língua espanhola mas foi fundada pelos portugueses, mais precisamente em 1680 por Manuel Lobo, e as raízes lusas estão bem claras na arquitectura e atmosfera de Colónia.

A jóia de Sacramento é o Casco Histórico, o bairro antigo, núcleo original da localidade. Ali deverá explorar as estreitas ruas com pavimento de calçada, dando especial atenção à Basílica del Santísimo Sacramento, as ruínas do Convento de San Francisco Javier e o curioso farol que ali se encontra e a Casa del Gobernador. Fora desta área, procure avelha Praça de Touros, desactivada em 1912 por ordem do Governo.

Entre chegada, relaxe, exploração e partida, um par de dias serão suficientes para aqui ficar. O alojamento não é especialmente barato. Poderá gostar do El Viajero Colonia Hostel & Suites, bem localizado, com pequeno-almoço incluído no preço e com opção entre dormitório e quarto privado.

A viagem para Montevideu não poderia ser mais simples, existindo imensos autocarros diários que partem rumo à capital. O percurso leva 2,5 a 3,5 horas e custa 360 Pesos.

Montevideu

Montevideu é um espelho do país de que é capital: pequena e simpática. No seu centro encontramos a Plaza Independencia, onde se destaca o mais icónico edifício do país, o Palácio Salvo. Nota: em determinado momento este prédio foi o mais alto de toda a América Latina.

Passe algum tempo em Montevideu descontraindo no passeio marítimo – a Rambla – onde se chega vindo do bairro Las Pocitas, o mais boémio da capital uruguaia.

Já um pouco mais distante do centro, do outro lado da baía, poderá visitar a Fortaleza do Cerro que é na realidade o núcleo histórico da cidade.

Explore livremente o centro, onde entrará através da Puerta de la Ciudadel e procure o Palácio Legislativo, a Casa Rivera, que para além do interesse arquitectónico próprio alberga um bom museu, e o cemitério principal, que tem muito para ver. No Mercado do Porto pode ter-se uma boa refeição, de carne grelhada, claro, e ver um pouco da animação que por ali nunca falta.

Poderá passear na rua Sarandi, uma via pedonal onde se encontram as melhores galerias de arte e onde abundam artistas de rua e artesãos, para além de um mercado de velharias.

Para ficar, sugiro o Destino 26 Hostel, localizado no animado bairro de Pocitas e instalado numa moradia dos anos 30, bem classificado pelos utilizadores, com pequeno-almoço incluído e oferecendo tudo o que se espera de um hostel. Se tiver orçamento, pode mesmo optar por um quarto privado.

Tacuarembó

Não há muita gente que já tenha ouvido falar em Tacuarembó, mas esta vila, fundada em 1831 por mandato presidencial e capital da cultura gaúcha, é uma excelente paragem na rota rumo às Cataratas do Iguaçu. Para lá se chegar existem autocarros a partir da estação de Las Tres Cruces, em Montevideu. É uma rota operada pela Turyl que tem uma duração de cerca de cinco horas e meia e custa 775 Pesos (ou 25 Euros).

Aqui terá nascido Carlos Gardel, talvez a figura maior do tango argentino e existe um museu dedicado a ele.  Na vila observe a catedral e visite o Museu Ford T City. Para descontrair poderá ir até ao parque da Laguna de las Lavenderas, à saída da localidade.

Não espere muito de Tacuarembó, afinal de contas a passagem pela localidade é mais uma paragem técnica do que outra coisa. O que queremos mesmo é chegar a Salto para outra pausa na “caminhada” para a Foz do Iguaçu, que será igualmente a nossa porta de entrada no Paraguai, o último país da América do Sul que por esta altura nos faltará visitar. Mas atenção, é possível que não exista uma ligação diária, pelo que deverá procurar informação actualizada uma vez no país.

Este é daqueles locais onde se torna difícil garantir acomodação antecipadamente. No AirBnB existe uma opção menos dispendiosa mas mesmo assim ficará por cerca de 40 Eur. Se não quiser pagar este valor o melhor será procurar algo localmente.

Salto e Concórdia

Ao chegar a Salto será melhor informar-se sobre os autocarros para cruzar a fronteira para Concordia, onde poderá adquirir o bilhete para uma ligação para Puerto Iguazú. É provável que não haja autocarros diários para Concordia, mas se tiver mesmo que partir naquele dia ou no dia seguinte poderá recorrer a um táxi, que custará entre 15 a 20 Euros. Ou procure o terminal fluvial e chegue à Argentina pelo rio Uruguai.

Não há muito para o ocupar em Salto. Existem umas nascentes quentes em Daymán, a cerca de 6 km de distância, onde se pode chegar de autocarro. E depois existe a grande barragem de Salto Grande, muito popular entre os locais, que gostam de passear pelas suas imediações apreciando a grandiosidade da obra.

Em Concordia existem diversos operadores (por exemplo Tigre-Iguazu ou Andesmar) a oferecer passagens para a Foz do Iguaçu. Todos os autocarros são provenientes de Buenos Aires. A viagem dura 12 a 14 horas. 300 a 400 Pesos Argentinos. Os autocarros param numa estação na auto-estrada, mas não se preocupe, a companhia assegura o transfer a partir do escritório central na cidade. Poderá optar por um autocarro não directo, seguindo por Posadas (ver esta opção mais à frente)

Nem em Salto nem em Concórdia existe alojamento de baixo custo disponível para reservar antecipadamente. Em Salto poderá reservar o Hotel Danaly, bem caro para o que é, ou procurar algo mais local.  O mesmo se aplica à cidade argentina, onde será mesmo melhor procurar uma opção uma vez no chegado.

A cultura do Uruguai é bastante ecléctica, pois existe uma mistura dos povos nativos com os povos colonizadores que apareceram no século XVI, nomeadamente os portugueses e os espanhóis. Esta misceginação e mistura cultural, resultou no povo uruguai que conhecemos hoje. As influências da Europa são bastante visíveis no dia-a-dia uruguai, como a tradição do Carnaval, vivido de forma intensa durante 40 dias com desfiles de rua, cheio de cor, música e alegria. Outro acontecimento muito animado é o “Desfile de Llamadas”, os descendentes africanos reúnem-se ao ritmo de muitos tambores, um momento imperdível. O Tango, é também uma das expressões culturais mais importantes deste país, uma fusão entre as culturas hispânicas, africanas e respectivos ritmos. A imagem do Gaúcho e as suas festas é a celebração máxima entre a vivência entre as várias culturas no mesmo território, onde a cultura espanhola e os indígenas se fundem numa só.

Argentina (3 dias)

Posadas

Esta é uma paragem opcional. Poderá preferir passar aqui uma ou duas noites, “partindo” a longa viagem até Iguaçu e usufruindo de uma pacata cidade ideal para relaxar no meio de tantas horas de autocarro.

A partir de Posadas poderá visitar as ruínas das missões Jesuítas que deram o nome à região (Missones) de que esta cidade é capital. Ficam a 50 km de Posadas e o ingresso para a visita custa 180 Pesos, válido para três lugares arqueológicos: San Ignacio Mini, Santa Ana e Loreto, que se encontram a cerca de 16 km entre si. O conjunto destas missões é Património Mundial da Humanidade – UNESCO.

Se preferir ficar pela cidade, durante o dia poderá descontrair um pouco na praia fluvial, limpa e bem equipada. E, claro, explorar o centro histórico e o bairro de La Bajada Vieja.

Ao fim da tarde, usufrua do ambiente do passeio marítimo – Costanera – que se enche de gente de todo o género usufruindo do espaço. Existem imensos cafés, geladarias, restaurantes e bares e com o cair da noite começam a ver-se as luzes do lado de lá do rio, já no Paraguai, que melhoram ainda mais o ambiente.

Para dormir, recomendo o Apartamento Lo de Julia, na melhor localização da cidade, com um ambiente afável e pequeno-almoço incluído. O alojamento é feito num único e agradável quarto comunal com três camas.

Puerto Iguazú

Vamos chegar a Puerto Iguazu vindos de Posadas. É uma viagem de autocarro que dura cerca de 5 horas e nos deixa às portas de uma das quedas de água mais famosas do mundo: Iguaçu.

Existe uma boa escolha de alojamento económico em Puerto Iguazu, mas vou sugerir o Travellers Garden. Atenção: apesar da variedade de opções de alojamento, este é um lugar muito turístico e deverá marcar a sua estadia com muita antecedência. Se possível mais do que um mês antes.

As quedas de água de Iguaçu são a verdadeira razão que aqui nos trás. Para lá chegar, poderá tomar um autocarro local. A rota inicia-se na estação principal de autocarros mas tem múltiplas paragens ao longo do trajecto. Funciona entre as 7:00 e as 20:50, com intervalo de 20 minutos. 130 Pesos.

O bilhete de acesso custa 500 Pesos, mas se voltar no dia seguinte peça para o carimbarem à saída, pois assim pagará apenas 250 Pesos no segundo dia.

No parque existem quatro trilhos preparados para os visitantes:

  1. Circuito Superior, que como o nome indica leva os turistas pelo nível mais alto, não sendo muito longo;
  2. Circuito Inferior, mais extenso, tendo como ponto alto o posto de observação do Salto Bossetti e Dos Hermanas, e que conduz ao ponto de embarque para a ilha de San Martin (ligação gratuita) que contudo se pode encontrar encerrada, dependendo das condições no dia;
  3. Garganta del Diablo, provavelmente a experiência mais impressionante que se pode ter no Iguaçu, pelo menos do lado argentino… existe um pequeno comboio que nos leva durante cerca de 1 km, até um ponto onde o ruído da água e o “spray” são verdadeiramente impressionantes;
  4. Sendero Macuco, que nos leva pelo meio da selva tropical até à queda de água de Arrechea, sendo pouco frequentada e tendo uma extensão (ida e volta) de 7 km… traga fato de banho porque é possível experimentar a água por detrás da cascata! E depois há a própria Isla de San Martin, com dois miradouros espectaculares e muito passarada para observar, estando contudo encerrada em alturas em que o caudal se encontra mais elevado.

Se estiver mesmo apaixonado pelas quedas de água pode usufruir da experiência do margem brasileira. É fácil cruzar a fronteira e se do lado argentino existem mais quedas de água, é da margem oposto que se têm as melhores perspectivas.

Se gosta de animais, não deixe Puerto Iguazú sem visitar Güira Oga, um santuário de vida selvagem onde se chega facilmente com o autocarro local (13 Pesos). Existem visitas guiadas em inglês várias vezes ao dia e o bilhete custa 150 Pesos.

Os adeptos dos grandes feitos de engenharia gostarão de saber que é possível uma visita à maior central hidroeléctrica do mundo, mesmo aqui ao lado, mas apenas dos lados do Brasil e do Paraguai. Talvez possa aproveitar a deslocação ao Brasil para ver as quedas de água para visitar a barragem.

Paraguai (10 dias)

Guarda Presidencial no Pantão El Panteón de los Héroes - Viajar Paraguai
ASSUNÇÃO, PARAGUAI

Ciudad del Este

Esta é a cidade do lado paraguaio na tripla fronteira do Iguaçu. É um imenso entreposto comercial onde multidões de brasileiros se deslocam para fazer compras e tem fama de problemática. É de evitar circular depois do sol posto.

Talvez não haja muito para o viajante comum por aqui e por isso vamos apenas passar por ela, dar uma vista de olhos e prosseguir para o interior do país.

Apesar de não encontrar barreiras na fronteira, deverá procurar os serviços de emigração. É que o Paraguai não exige qualquer tipo de controlo de passaportes numa área até 30 km da ponte que liga esta cidade ao Brasil. Mas como vamos visitar o país, precisamos de um carimbo no nosso passaporte.

Entrar aqui faz-se bem a partir do Brasil, a pé, atravessando a ponte existente entre os dois países.

Villarica

Chega-se a Villarica de Ciudad del Este em autocarro, um percurso que demora cerca de três horas e meia. É uma boa paragem a meio caminho para Assunção, sendo uma pequena cidade com uma vida cultural intensa. Aqui poderá visitar o centro cultural instalado na antiga estação de caminhos-de-ferro, uma de várias antigas estações paraguaias que foram  extintas na sequência da crise económica dos anos 90 e posteriormente requalificada.

Pode passear pelo centro, espreitar ali o Museu Maestro Fermin López, instalado num dos edifícios mais antigos da cidade, uma escola de meados do século XIX,  e observar a fachada da igreja de Ybaroty. O Parque Manuel Ortíz Guerrero, ou simplesmente Ykua Pytá é um ponto de reunião para a comunidade e local a não perder.

O único local que se pode reservar em Villarica numa gama de preço aceitável é o Hotel Musa mas mesmo assim ainda lhe custará uns 30 Euros. Se é um valor chocante para o seu orçamento poderá querer ignorar esta paragem pensada para lhe dar o sabor de uma pequena cidade tipicamente paraguaia e dirigir-se directamente para a capital.

Assunção

A capital do Paraguai oferece um misto de modernidade e de História. A cidade, como de resto o país, é marcada pelos longos anos de ditadura, um sistema político que praticamente existiu desde sempre e até há bem pouco tempo no Paraguai, com ditadores semi-loucos e com um poder absoluto, que dominaram o país como se fosse uma propriedade privada, arrastando a nação para uma série de guerras inúteis e ruinosas.

O centro é marcado por um elevado número de edifícios do século XIX que muito interessarão os amantes de arquitectura. Mas atenção, à noite e ao fim-de-semana a área está deserta e basicamente está tudo encerrado. E para onde vão as pessoas nestas alturas? Para as áreas residenciais, para os subúrbios, mas também para o novo centro de Assunção, o cosmopolita bairro de Villa Morra, onde abundam restaurantes e comércio vocacionado para as camadas mais elevadas da sociedade.

Há muita gente que diz que há pouco ou nada para ver em Assunção mas as coisas podem não ser bem assim. Museus? Museo del Cabildo, instalado num edifício do século XIX cuja simples visão estava interdita ao cidadão comum durante os tempos da ditadura de Francia, e que agora exibe uma exposição de história do Paraguai; El Museo de le Memoria, sinistro, instalado no antigo quartel-general da polícia política do regime de Alfredo Stroessner, e abordando os temas dos desaparecidos e da tortura; Casa de La Independencia, um belo edifício construído em 1774, onde se reuniam os conspiradores que vieram a decretar a independência do país, alberga agora um museu dedicado a essa mesma independência e à vida quotidiana da época; a Estacion Central del Ferrocarril é mais um caso de estações de comboios requalificadas e transformadas em museu.

Gosta de sentir o passado que se viveu num hotel histórico? O Gran Hotel del Paraguay foi em tempos a residência da extravagante figura de Elisa Lynch, meretriz, amante do ditador Francisco Solano Lopéz e uma espécie de rainha do Paraguai.

Na Plaza de Los Héroes encontrará o Panteón Nacional de los Héroes, um monumento às vítimas do regime de Stroessner e muita animação, especialmente em dias festivos, quando há música e espectáculos neste espaço. O Pantéon é dedicado aos paraguaios caídos em combate nas muitas guerras em que o Paraguai se envolveu com os seus vizinhos, mas especialmente à Guerra dos Chacos, que dizimou a população masculina do país, deixando uma mancha de várias gerações na demografia paraguaia.

A partir de Assunção poderá fazer alguns passeios de dia inteiro. Por exemplo, a Yaguarón, a cerca de 50 km da capital. Aqui distingue-se a impressionante igreja construída pelos Franciscanos em 1600, valorizada pela sua arquitectura e pela decoração interior, em estilo Hispano-Guarani, com muitos trabalhos realizados à mão pelos índios. Se tiver tempo suba ao topo do cerro Yaguarón, de onde se pode ver toda a localidade e ainda as cidades de Pirayú, Itá, Paraguarí e Carapeguá.

Outra expedição possível é a Itauguá, mesmo à saída de Assunção, uma cidade que mantém um substancial património imobiliário da época colonial e alguns pontos de interesse que manterão o visitante entretido durante boa parte de um dia: o Museo de San Rafael, instalado numa casa histórica e com uma exposição diversa, que inclui elementos de arte sacra, objectos relacionados com a Guerra do Chaco e peças do quotidiano da época; a Iglesia Virgen del Rosario merece uma visita, assim como a velha estação de comboios.

Para passar as suas noites na capital paraguaia vou recomendar o Hostel Isla Francia, muito bem classificado pelos clientes, a cerca de 1 km do centro histórico, incluindo pequeno-almoço no excelente preço e ainda oferendo a opção entre cama de dormitório ou quarto privado. De resto, não terá dificuldade em encontrar algo a seu gosto para dormir em Assunción. Outras escolhas interessantes serão La Casita de la Abuela, Estacion Central Hostel ou o Hamaca Paraguaya Hostel.

Concepção

A norte de Assunção vamos encontrar Concepção, onde chegaremos de autocarro, uma viagem de dura cinco horas e meia e custa entre 40 a 70 mil Guaranis. Se quiser fazer as coisas de forma diferente, tente chegar a uma Quarta-feira, e nesse caso poderá querer viajar desde a capital pelo rio Paraguai: o Cacique II faz a viagem uma vez por semana, demorando 22 horas e custando-lhe 55 mil Guaranis.

Não é um “must do” para o viajante na América do Sul e isso pode ser uma vantagem: não se vêem por aqui muitos estrangeiros e o carácter genuíno da pequena cidade mantém-se, com as pessoas a reagir muito bem à presença do casual visitante.

Concepção não tem pontos de interesse evidentes. Teve um período de ouro, antes da guerras paraguaias, e o que vemos hoje são ecos dessa época, com um tempero de decadência. Mesmo assim poderá dirigir-se ao Museo del Cuartel de la Villa Real, dedicado à guerra do Chaco e à vida desses tempos. O mercado da cidade é animado e colorido, recomendando-se.  

Se quiser, considere Concepção como uma base para descansar durante alguns dias. Tem o ambiente ideal para isso.

Como tantas vezes sucede com pequenas cidades, não é possível encontrar grandes opções de alojamento disponível para reserva online. Será melhor procurar uma solução ao chegar ao local: a Hospedaje Puerta del Sol é a opção mais económica, com acomodação básica custando cerca de USD 5 (quarto privado com casa de banho). Mais bem colocado, o Hotel Frances oferece quartos privados a cerca de USD 15. O Hotel Victoria, cheio de charme e personalidade (construído em 1950 pelos família que ainda hoje o explora), poderá oferecer-lhe um quarto por USD 12.

Filadélfia

Consegue chegar-se a Filadélfia directamente desde Concepção. E que lugar é este, Filadélfia, e porque o iremos visitar? Bem, é uma das cidades mais estranhas do mundo: perdida no meio do nada, nos confins das terras do Chaco, é um pedaço da Alemanha no Uruguai, uma comunidade que veio da Europa há um longo tempo e onde podemos imaginar nazis fugidos após a Segunda Guerra Mundial a encontrar abrigo, a coberto da cumplicidade do regime. Mas atenção! Os fundadores da cidade, por volta de 1930, estranhamente, não eram alemães mas sim russos. Isso mesmo, russos, de origem germânica, os Menonitas, que procuravam fugir do regime de Estaline.

A praça central de Filadélfia é das mais bem tratadas do Paraguai, com um bonito jardim, sempre verdejante. Mesmo ao lado encontra-se o Museu Jakob Unger, dedicado ao reino animal e à fauna paraguaia, à comunidade local e ao Chaco.

Se desejar procure um guia para uma expedição às terras desoladas do Chaco. O posto de turismo local poderá fornecer-lhe os contactos necessários. E se lá for aproveite para recolher informação actualizada sobre os transportes para regressar a Assunção, porque os horários e locais de paragem dos autocarros em Filadélfia mudam com frequência.

Não há muita escolha de alojamento nesta pacata cidade. O Hotel Florida é uma aposta segura, com boas condições, preços baixos e várias opções de quartos.

A cultura do Paraguai, ao contrário dos outros países da América Latina não tem uma grande influência estrangeira, pois os povos nativos não viveram o mesmo nível de subjugação em comparação a outros povos viventes noutros países próximos ao mar. No entanto, a população paraguaia é o resultado de uma mestiçagem entre os Índios Guaranis e os colonizadores hispânicos. Por tal motivo, aqui fala-se duas línguas – o Espanhol e o Guarani – é dos poucos países do mundo realmente bilíngue. A Erva-Mate é uma bebida muito bebida desde os Índios Guaranis, ainda hoje bastante consumida. A sua gastronomia está muito ligada ao milho e à mandioca, onde através das farinhas se faz o pão, tortilhas, empanadilhas. Este povo tem uma grande paixão pelo Futebol e um dos ex-libris dos paraguaios é a utilização da manta tradicional por cima dos ombros, cobrindo só um dos lados do corpo. A dança do Cântaro é uma dança típica, essencialmente realizada por mulheres que dançam com uma jarra na cabeça.

O Final da Viagem

CAJAMARCA, PERU

Com a paragem em Filadélfia chegamos ao final desta nossa longa viagem de Mochilão na América do Sul.

Da pacata cidade paraguaia poderá o viajante iniciar o caminho de volta a casa, provavelmente dirigindo-se ao Brasil, refazendo parte dos seus passos no Paraguai, via Concepção e Assunção e depois por Ciudade del Este, entrando no Brasil pelo Iguaçu de onde terá ligações simples para as grandes cidades do sul do Brasil.

De volta ao país onde tudo começou será tempo de encontrar uma boa ligação para casa.

Veja ainda a página do Rio de Janeiro até Ushuaia de mochila às costas.

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MOCHILAO AMERICA DO SUL
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