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Roteiro de Lisboa até Catmandu por Terra

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Roteiro de Lisboa até Catmandu por Terra

Soa o apito e o comboio põe-se lentamente em marcha. Para trás ficará Santa Apolónia, o aventureiro interna-se no desconhecido, seguindo o trilho em que gerações anteriores mergulharam. Em meados do século XX dezenas, senão centenas de milhares de portugueses fizeram este percurso, fugindo à vida dura do campo e às provações africanas. De comboio desde Santa Apolónia rumo a Paris, a passagem na fronteira entre Espanha e França, com transbordo nas míticas estações de Hendaye – Irun.

Agora a viagem tem outro significado, a aventura é diferente. O viajante procura não um ganha-pão em Paris mas uma odisseia, que o levará a atravessar a Europa e boa parte da Ásia, até chegar à distante Catmandu, capital do Nepal, na base dos Himalaias.

Nesta página tem um ensaio prático de como fazer esta viagem. Peço que não siga este roteiro à risca, e que acrescente outros destinos também belos na sua viagem. Torne esta aventura algo mais personalizado. Algo mais seu.

As Grandes Questões do Lisboa até Catmandu

1- Porquê? » Porque Basta Querer

CATMANDU NEPAL
CATMANDU NEPAL

Porque isto é viajar. De forma independente, por terras desconhecidas, enfrentando desafios, rumo a um ponto distante, visto como inacessível. Claro que esta rota, de Lisboa a Catmandu, é apenas uma das infinitas possibilidades que o mundo nos oferece. É hoje a escolhida por conjugar paisagens e culturas tão diferentes, realidades políticas e económicas díspares e experiências variadas.

Além disso, pelo menos parcialmente, trata-se da recriação de uma rota mítica, muito popular entre meados dos anos 60 e o final dos anos 70, o chamado Hippie Trail. A rota partia de Londres, atravessando a Europa, a Turquia, o Irão e o Afeganistão, antes de chegar à Índia e ao Nepal. Tudo era um paraíso para os que abraçaram o movimento hippie: baixos preços, aventura, destinos espirituais e uma vasta gama de drogas disponíveis ao longo da viagem.

KASHAN IRAO
KASHAN IRAO

Entre 1978 e 1979 dois acontecimentos determinaram a morte do Hippie Trail: o Irão tornou-se uma República Islâmica sob a rígida liderança do Ayatollah Khomeiny e a União Soviética invadiu o Afeganistão, dando origem a uma guerra de dez anos que tornou impossível a travessia do país. Pode ler aqui mais detalhes sobre a .

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Hippie Trail pelo autor Richard Gregory.[/message_box]

2- Quando? » Qual a melhor altura para ir

MARDIN TURQUIA
MARDIN TURQUIA

Se tomarmos o destino final – Catmandu – como referência, saberemos que temos que lá estar ou em Outubro e Novembro ou desde Março até meados de Abril. O primeiro período é geralmente seco, um pouco frio, caracterizado pela limpidez do ar, oferecendo as melhores vistas para os Himalaias. A segunda época é claramente seca e de temperaturas agradáveis. Depois de Abril começa a época das chuvas e não é mesmo boa ideia explorar a região sob essas condições.

CATMANDU NEPAL
CATMANDU NEPAL

Feitas as contas, a melhor conjugação de datas implicará uma viagem de cerca de três meses, com partida de Lisboa em meados de Agosto. Assim poderá o viajante cruzar a Europa na fase descendente do Verão, ultrapassando as zonas mais quentes após o pico do calor e chegando ao Nepal mesmo a tempo de usufruir das condições ideais para as caminhadas de montanha em baixa altitude.

3- Como? » Que Transportes Utilizar

TRANSPORTES DE VIAGEM
TRANSPORTES DE VIAGEM

De mochila às costas, por terra, viajando devagar. De comboio, de carro, de autocarro, à boleia (carona), de táxi partilhado. Do que for preciso para atingir Catmandu.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Viajar à Boleia (carona) – Guia de Viagem.[/message_box]

5- Vistos? » Organize com antecedência

FRONTEIRA IRAO
FRONTEIRA IRAO

Até à chegada à Turquia, não há com que preocupar. O passaporte ou o bilhete de identidade nacional português serão suficientes para cruzar fronteiras onde as haja. Dali para a frente a situação é diferente…

Visto para a Turquia

Obter um visto para a Turquia é simples. Apesar de poder ser tirado à chegada, será mais barato e simples fazê-lo online (e-visa) no website do serviço de estrangeiros turco.

Vai precisar de um passaporte válido por mais de seis meses a partir da data de entrada no país e de um cartão de crédito VISA ou Master Card, que usará para pagar os USD 20 para um visto válido por seis meses, que lhe permitirá passar até 3 meses na Turquia com múltiplas entradas.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Como Tirar o Visto Electrónico para a Turquia – (e-Visa).[/message_box]

Visto para o Irão

O problema com o visto para o Irão é nos dias de hoje praticamente nenhum. Já foi mais complicado. Na realidade neste momento é relativamente simples, mas…

Deverá dirigir-se à Embaixada do Irão em Lisboa, localizada na zona do Restelo, na Rua Alto do Duque 49 e certificar-se das condições actuais. Poderá também telefonar (21 304 1850), mas as informações dadas por esta via podem não ser apuradas. A actual lista de requisitos é como se segue:

  • Pagamento de 50 Eur a efectuar através de depósito ou transferência para um IBAN a ser indicado pela embaixada;
  • Passaporte com validade superior a seis meses relativamente à data de entrada no país;
  • Cópias dos bilhetes de entrada e saída do país, que podem ser dispensados se planear viajar por terra, como será o caso;
  • Prova de seguro de viagem;
  • Prova de reserva em hotel no Irão, apesar de na prática bastar apenas para os primeiros dias de visita;
  • Apresentação do formulário de pedido de visto devidamente preenchido;
  • 2 fotografias tipo passe.

A informação é de que a emissão do visto demorará cerca de duas semanas, mas poderá estar pronto em três dias se tudo correr bem. Há relatos de pessoas que receberam o visto no próprio dia.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visto para o Irão.[/message_box]

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Descobrir o Irão – 79 lugares para visitar no Irão.[/message_box]

Visto para o Paquistão

O visto terá que ser emitido na embaixada do país de origem do visitante, sendo que para cidadãos portugueses o custo é de USD35. Deverá preencher um exaustivo formulário disponível online a entregar na embaixada acompanhado de duas fotografias.

Note que a emissão deste visto pode demorar até seis semanas. Seja como for, será melhor confirmar junto da embaixada as condições vigentes. A morada é R. António Saldanha 46 (zona do Restelo) e o número de telefone o 21 300 9070.

Visto para a Índia

Desde 2014 que ficou mais fácil obter um visto para visitar a Índia, mas não se alegre: para quem entra por terra as coisas ficaram na mesma. Será necessário preencher um complexo formulário online que incluirá o envio de digitalização de fotos e das principais páginas do seu passaporte e depois, no mínimo dois dias úteis mais tarde, dirigir-se à embaixada para completar o processo. A taxa do visto é de 52 EUR.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Como Tirar o Visto Electrónico para a Índia – (e-Visa).[/message_box]

Visto para o Nepal

Pode tratar do visto à chegada. Custa USD25 para duas semanas,  USD40 para um mês e USD100 para três meses. Todos os vistos são multi-entrada, ou seja, no seu período de validade pode entrar e sair do país à vontade.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visto para o Nepal.[/message_box]

A Viagem – Roteiro de 3 Meses Passo-a-Passo

Primeira Etapa – De Lisboa a Istambul

Barcelona (3 dias)

BARCELONA ESPANHAa
BARCELONA ESPANHA

O melhor será deixar Lisboa para trás no comboio nocturno que, partindo de Santa Apolónia, chega a Madrid – Chamartin bem cedo pela manhã. Há que mudar para a estação de Atocha, de onde sairá o comboio seguinte, para Barcelona.

Vemo-nos assim chegados à capital da Catalunha, no dia seguinte ao da partida. Há que procurar o nosso alojamento. A oferta em Barcelona é enorme, mas poderemos ficar no Bairro Gótico, por exemplo, no Itaca Hostel, que não sendo dos mais baratos, está muito bem localizado e tem óptimo ambiente. Para uma coisa melhorzita, com quarto individual, temos o Guesthouse Barcelona Gotic.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Alojamento em Barcelona.[/message_box]

É melhor começar logo a aproveitar o tempo. Parta à descoberta de Barcelona, visite a catedral La Sagrada Familia e outras obras do famoso Gaudi. Percorra as Ramblas, essa via mítica onde tudo parece suceder em Barcelona. Não perca o espectáculo da Fonte Mágica, ainda por cima gratuito. Se lhe apetecer visitar um museu, de entre os muitos que existem, sugiro o Museu de Picasso.

De qualquer modo, certamente quererá deambular pelo “seu” bairro. O Bairro Gótico é a parte mais antiga da cidade, a evolução natural da Barcelona Medieval. Está repleto de pequenas praças, igrejas, vielas misteriosas e museus.

Pode subir ao Monte Montjuic ou, se é adepto de futebol, visitar o mítico Camp Nou, estádio do Futebol Clube de Barcelona. Terá muito com que se entreter por aqui, mas quando sentir que chegou a hora de partir, prepare-se para embarcar.

Tem um comboio para Marselha bem de manhã, pelas 7:20, chegando à cidade francesa pela hora do almoço. Se preferir pode procurar uma boleia nessa direcção no website de viagens de carro partilhados BlaBlaCar.com, uma solução bem aliciante nestas áreas da Europa onde os transportes públicos são mais caros.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Barcelona – Guia de Viagem.[/message_box]

Marselha e Verona (3 dias)

A chegada a Marselha é logo em grande estilo. A estação de Saint Charles data de 1848, está localizada no topo de uma colina e está ligada ao centro da cidade por uma série monumental de escadarias em pedra.

Poderá ficar no Vertigo Vieux-Port, um hostel localizado no centro histórico. O Porto Antigo será aliás a primeira atracção recomendada. A actividade ali é frenética e o ambiente é inesquecível. Desse porto poderá apanhar um barco para o Château d’If, a prisão construída num ilhéu onde o ficcional Conde de Monte Cristo esteve preso durante parte da sua vida. Passeie no bairro Le Panier, a parte antiga da cidade, visite o inovador Museu das Civilizações Europeias e Mediterrâneas (MuCEM) e vá até à Notre Dame de La Garde, uma igreja de onde se tem uma excelente vista sobre Marselha.

Para prosseguir a viagem poderá apanhar um autocarro Eurolines para Verona (cerca de 30 Eur), com o inconveniente da hora tardia de chegada. Quando marcar alojamento certifique-se que a recepção está aberta 24 horas por dia.

Pela manhã aproveite para explorar um pouco da cidade. Aqui vai encontrar a varanda de Julieta, da famosa Julieta, a do Romeu, da obra de Shakespeare. Veja o imponente anfiteatro romano e passeie pelo centro histórico, antes de embarcar num comboio com destino a Veneza, onde chega depois de uma curta viagem de pouco mais de uma hora.

Veneza (3 dias)

VENEZA
VENEZA ITALIA

O comboio deixa-o na parte antiga de Veneza. Pode ficar logo no Hotel Universo & Nord, quase em frente da estação, onde um quarto privado é bastante acessível considerando os preços de Veneza. Outra sugestão é o hostel We Crociferi, um pouco mais afastado, em dormitório, mas muito agradável.

Em Veneza há um local evidente: a Praça de São Marcos, o centro de tudo. E também o ponto mais populoso de turistas. O melhor em Veneza é deambular, caminhar sem destino. Se se afastar do canal central e da praça de São Marcos dará por si em recantos igualmente encantadores e praticamente sem outros visitantes.

Visite o Palácio Ducal e o Gueto Judaico. Use o tragheto, um barco transporte público que cruza as águas do Grande Canal. O bilhete custa apenas 2 Eur e existem sete paragens. Se o tempo não estiver de feição aproveite para visitar museus. Existem quase infinitas opções e o mesmo se pode dizer para as igrejas de Veneza.

Em termos de pontes, que como deve imaginar são às dúzias, destaco a de Rialto e já agora visite o mercado nas imediações.

Depois dos dias de Veneza vamos prosseguir viagem. Próxima paragem Ljubljana, capital da Eslovénia. Há autocarros directos da Eurolines, cujo bilhete custa 23 Eur e que demoram pouco mais de três horas e meia a chegar.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Veneza – Guia de Viagem.[/message_box]

Ljubljana (2 dias)

[responsive_video link=”https://www.youtube.com/watch?v=FHzKDH_A4WY”]

A capital da Eslovénia é encantadora mas muito pequena e quer a estação de autocarros quer a de comboios são próximas do centro histórico. Não nos deteremos aqui por muito tempo. Um dia inteiro será suficiente para explorar a parte mais antiga e visitar o castelo.

Visite a Praça da República, onde a independência do país foi decretada em 1991. Não perca as duas pontes históricas, a Ponte Tripla e a Ponte do Dragão.

Beba um copo em Metelkova, um antigo quartel militar que se tornou um centro de cultura alternativa, com um ambiente muito especial. Aliás, o hostel que recomendo vivamente encontra-se neste complexo e era uma prisão. As celas são agora os quartos, finamente decorados, de forma personalizada, por artistas bem conhecidos da Eslovénia. Chama-se Celica.

No segundo dia pela manhã tem um comboio bem cedinho directo a Belgrado, antiga capital da Jugoslávia e actual capital da Sérvia.

Belgrado (3 dias)

BELGRADO SERVIA
BELGRADO SERVIA

A própria estação de comboios de Belgrado é um monumento histórico que merece uma observação atenta. Felizmente é bem perto do centro histórico. Se não precisar de ir para os subúrbios e se gostar de andar, poderá percorrer tudo o que há de interessante nesta agradável cidade sem recorrer a transportes públicos.

Para se alojar, aconselho claramente o Hostel 21. Excelentes preços, localização perfeita e bom ambiente.

Poderá passar os dias de Belgrado explorando o centro histórico. Há o castelo e um excelente museu militar. As ruas cheias de edifícios históricos, a azáfama da cidade. Delicie-se com o ambiente cosmopolita, especialmente nas margens dos rios que confluem aqui: o Sava e o Danúbio. Há zonas repletas de cafés e restaurantes e até praias fluviais muito bem arranjadas.

Se conseguir, dê um salto a Zemun, um subúrbio histórico, uma espécie de Sintra sérvia, onde noutros tempos se encontrava a fronteira entre o Ocidente e o Oriente: os austríacos em Zemun, os Otomanos em Belgrado. Também ali há um excelente ambiente junto ao rio, mas o melhor são as ruas interiores e as casas históricas, não sendo de perder a subida até à bizarra torre que se vê de qualquer ponto de Zemun.

Sofia (2 dias)

SOFIA BULGARIA
SOFIA BULGARIA

Infelizmente será preciso passar um dia inteiro nos carris para viajar entre estas duas capitais. Poderá aproveitar para ler um pouco, processar fotografias, escrever o seu diário. Essas coisas.

Um bom local para ficar será o Hostel Mostel Sofia, com uma boa gama de diferentes alojamentos, bom preço e grande localização. Já fiquei aqui e aconselho.

Dali poderá partir à descoberta de Sofia. Na realidade, apesar de não ser uma cidade especialmente pequena, a esmagadora maioria da área da capital búlgara são subúrbios habitacionais. O centro histórico, onde estão concentrados todos os motivos de interesse, é muito pequeno e explora-se bem a pé. A rua Vitosha é o principal eixo, existindo uma série considerável de edifícios históricos muito belos. Não perca a enorme catedral ortodoxa Alexander Nevski.

» Se quiser ter um “cheirinho” da cultura soviética visite o Monumento ao Exército Vermelho.

Para chegar a Istambul tem um conveniente comboio nocturno que o deixará no centro daquela cidade na manhã seguinte.

Para verificar horários e mesmo adquirir bilhetes de comboio nas redes europeias, pode usar estes dois websites:

  • Loco 2: Um projecto independente, fiável e de confiança;
  • DB: Os caminhos-de-ferro alemães trabalham com o resto da Europa, oferecendo os horários e vendas de bilhetes em muitos troços.

Segunda Etapa – Pela Turquia…

Istambul (4 dias)

ISTAMBUL TURQUIA
ISTAMBUL TURQUIA

Chegado pela manhã quererá instalar-se o mais rapidamente possível. A oferta é imensa, tornando-se complicado recomendar algo, mas se neste momento fosse a Istambul, era provável que ficasse na Portus House Istanbul. ou, na gama mais económica, de hostel, no Golden Galata Hostel.

Os atractivos principais de Istambul são largamente conhecidos: as grandes mesquitas (Hagia Sophia e Mesquita Azul), o palácio Topkapi e tudo o mais que se encontra naquela área, chamada de Sultanahmet.

Atravessar o Bósforo num dos muitos ferries é uma actividade sempre agradável, de olhos bem abertos, para observar locais e pessoas. Do lado de lá o ambiente é diferente, sente-se logo que as pessoas são mais conservadoras, as mulheres cobrem a cabeça com lenços. A antiga estação de caminhos de ferro de Haydarpa?a (e que deverá ser reabilitada como tal dentro de algum tempo) é um lugar encantador, sendo facilmente alcançável a partir do enorme terminar de Kadikoy. Beba um chá na pequena esplanada defronte dessa estação.

Não perca o Museu Koç, um lugar onde se vê de tudo um pouco, como se fosse um museu do imaginário, onde os adultos podem ser crianças e voltar aos seus sonhos de infância.

Explore os bairros mais tradicionais, como Balat e Fener, onde raramente os turistas se aventuram. O imenso bazar de Istambul é de visita “obrigatória”, claro. Vá até Eyup e suba para Pierre Loti, onde se encontra uma das mais charmosas casas de chá ao ar livre, com vista sobre o “Corno Dourado”, a superfície de água que, saindo do Bósforo, entra terra adentro.

Quando sentir que está na altura de deixar Istambul, prepara-se para uma nova etapa na sua aventura. Para trás ficará a Europa, que lhe é familiar. Entrará agora num novo mundo, exótico e misterioso….

A estrutura ferroviária na região de Istambul tem estado a ser renovada e, dependendo da data da viagem é possível que possa, ou não, partir directamente desta grande cidade turca. A situação está sempre a mudar, à medida que as obras vão sendo concluídas ou atrasadas. Para já, nos próximos tempos, as partidas serão de Pendik, um subúrbio a 25 km do centro de Istambul, onde se chega depois de atravessar o Bósforo, apanhar o metro e caminhar ou apanhar um táxi para os últimos 1,7 km.

Até Ancara tem um comboio de alta-velocidade que vencerá a distância em pouco mais de 4,5 horas. Poderá escolher o horário que preferir de entre as seis partidas diárias (6:30, 8:55, 11:35, 13:45, 17:30, 19:20).

[message_box type=”attention”]NOTA: Poderá adquirir os bilhetes de comboio na Turquia no website oficial da TCDD.[/message_box]

Ancara (2 dias)

A capital da Turquia não costuma ser considerada um destino com interesse para o viajante, mas vamos passar aqui um dia, mesmo assim.

» Se não quiser visitar Ankara, aconselho então um salto à Capadócia, que é para mim, um dos lugares mais bonitos do mundo.

A estação ferroviária fica a cerca de 1 km da margem da cidade antiga. Poderá caminhar até ao centro, alojar-se, por exemplo no Yavuz Hotel, que poderá não ser o melhor da cidade mas é económico e bem localizado. Contudo, na Turquia, o viajante poderá ter algo a ganhar se recorrer a alojamento local sem presença na Internet.

O bairro de Ulus é o centro histórico de uma cidade provincial que cresceu devido à decisão política do lendário líder Ata Turk de a transformar na capital da nova Turquia, após os dramáticos acontecimentos que se sucederam à Primeira Guerra Mundial. Poderá caminhar até ao castelo, cuja entrada se localiza junto à torre do relógio. Ainda vivem pessoas no seu interior, das mais pobres, mas muitos dos edifícios que se encontram no interior da área muralhada foram renovados e toda a área merece uma visita atenta.

O mausoléu de Mustafa Kemal Atatürk é provavelmente o ponto mais significativo de Ancara. Pela sua espectacularidade e pela reacção que suscita junto dos turcos, que se deslocam num caudal ininterrupto para visitar o memorial. No interior do complexo pode ser visitado o Museu de Ataturk e da Guerra da Independência.

Tenha em consideração que o próximo comboio, o Güney Express, não é diário, não havendo partidas às Terças e aos Domingos. Planeie em conformidade.

Urfa (3 dias)

URFA TURQUIA
URFA TURQUIA

De Ancara a Diyarbakir, já no Curdistão Turco, são dois dias de comboio. Chegará à capital não oficial da região pela manhã e deverá apanhar um táxi para a estação rodoviária de ontem partem os autocarros para Sanlurfa, também conhecida por Urfa.

Infelizmente a estação de autocarros em Urfa é algo afastada do centro. Existem autocarros locais e táxis disponíveis. Ficará provavelmente surpreendido com o tamanho da cidade. E mais ainda com os encantos que esconde. É importante que encontre alojamento no centro. A Aslan Guest House. oferece várias opções de alojamento e é bem localizada.

Gaste dois ou três dias em Urfa. É uma cidade pacífica, ideal para descontrair e explorar sem receio. Os seus bairros antigos merecem ser palmilhados. Existem diversas casas históricas onde funcionam nos dias de hoje organismos do Estado, mas os visitantes são bem vindos e podem explorar o seu espaço interior.

O mercado é imenso, cheio de cor e produtos exóticos. E há o lago dos peixes, mítico, que remete para histórias bíblicas, muito concorrido pelas gentes locais. Mesmo ao lado encontra-se duas belas mesquitas onde todos são bem vindos, construídas na base da colina onde se ergue o castelo. Não perca o moderno museu da cidade. Em Urfa toda a gente é simpática e adora visitantes estrangeiros. come-se bem e barato e para beber abundam os quiosques de venda de sumos e batidos de fruta.

Pode ainda fazer dois passeios para fora da cidade, um mais simples do que o outro: Harran fica a cerca de 40 km e é uma aldeia histórica onde ainda se podem ver casas centenárias em forma de colmeia e que pode ser alcançada através de dolmus (nome dado na Turquia a carrinhas de passageiros) que partem da estação de autocarros de Urfa. Göbekli Tepe é o templo mais antigo conhecido no mundo. Tem 9.000 anos mas não é possível chegar até ele usando transportes púbicos. Há tours e táxis.

Mardin (2 dias)

MARDIN TURQUIA
MARDIN TURQUIA

Existem autocarros entre Urfa e Mardin, mas os detalhes deverão ser conferidos no local e na altura. Se se tratar de um autocarro convencional, ficará na estação rodoviária de Jardim. Se for num dolmus,  tanto pode deixá-lo à entrada da cidade nova como subir à cidade velha. Em qualquer dos casos, será sempre uma distância que se pode fazer a pé, não mais do que 2 km.

Jardim é uma terra encantada, uma espécie de Sintra em versão arábica, um mundo das mil e uma noites. Não é muito grande, percorre-se tudo a pé num dia, nem tanto, mas vale a pena explorar todos os recantos e regressar aos mais encantadores. Uma das coisas espantosas em Jardim é que a maioria dos edifícios têm várias centenas de anos, alguns são mesmo milenares.

A cidade antiga fica no topo de uma colina, encimada apenas pelo castelo, hoje um posto de comunicações do exército. As vistas são deslumbrantes, perdendo-se no horizonte, até à Síria. As pessoas são infinitamente simpáticas. Não se admire se algum vendedor lhe recusar o pagamento por um bem mais barato, como pão. O estrangeiro é muito bem vindo e a hospitalidade é levada a sério.

Relaxe, beba chá, sente-se numa das esplanadas, como O Olho de Jardim, que oferece o melhor panorama. Perca-se nas vielas da cidade antiga, descubra as passagens até à base da fortaleza e tente chegar ao velho cemitério que ali se encontra. Não perca o mercado.

As opções de alojamento são muitas, e quase todas tão fascinantes como a própria Jardim. Ora veja aqui o Dara Konagi.

Procure uma solução para chegar de Jardim a Tatvan. Peço desculpa pela indicação vaga, mas as ligações nesta região, apesar de serem sempre possíveis, estão cheias de surpresas. O vale hoje já é diferente amanhã. Mas se não encontrar uma ligação directa, vá por Diyarbakir, o que não é aconselhado, mas será sempre possível.

Tatvan (2 dias)

Sendo uma pacata cidade à beira do enorme lago Van, é um excelente local para passar um par de dias sem fazer nada. Os cafés à beira do lago são excelentes. Assim como o é o comércio tradicional na rua principal, que atravessa a localidade. Mais uma vez, os habitantes são de uma simpatia extrema. Não estão habituados a ter visitantes ocidentais e ficam satisfeitíssimos de os ver. Come-se majestosamente com quase nada. Comida natural, saborosa.

Sugiro dois passeios para fazer a partir de Tatvan. Um, será à necrópole medieval de Ahlat. Chegar lá é simples. Há dolmus para a aldeia de Ahlat, um pouco mais à frente. E vale a pena. Regressar poderá ser um pouco mais complicado, porque à passagem da necrópole as carrinhas já vêm cheias. Procure chegar à aldeia e encontrar o ponto de partida.

O outro é um pouco mais audacioso: caminhar até ao topo da montanha Nemrut (não confundir com o famoso monte Nemrut Dag, também na Turquia). São cerca de 15 km para cada lado. Se tiver sorte poderá apanhar uma boleia. Trata-se de um monte vulcânico com uma caldeira de água no topo e vistas sobre a planície e o lago Van.

Para ficar em Tatvan sugiro o Hotel Dinc, bem localizado e relativamente barato.

Van (2 dias)

De Tatvan existe um ferry que cruza o lago, até Van. Os horários são irregulares e costumam coincidir com as ligações ferroviárias, que usam o ferry na sua viagem até Teerão. A viagem dura cerca de quatro horas.

Em Van vai encontrar algo raro por estas paragens: um hostel de padrões e estilo ocidentais, o Van Backpackers Hostel. Se preferir a privacidade de um quarto próprio, também está disponível.

A cidade antiga e o castelo são locais de visita obrigatória nesta localidade plantada à beira do lago. A igreja arménia de Akdamar que se encontram numa ilha tem muito charme mas chegar lá não é simples. Um barco custará 40 Eur… talvez no hostel encontre parceiros para uma expedição. Pode visitar os castelos de Hosape e Cavustepe, usando apenas os serviços dos económicos dolmus. Se estiver calor, refresque-se nas águas límpidas do lago Van. Atenção que são muito salgadas. É divertido para boiar mas não engula muita dessa água.

Terceira Etapa – Atravessando o Irão

PAISAGEM NO IRAO
PAISAGEM NO IRAO

Quero lembrar que há disponível, um autocarro que faz o percurso Istambul até Teerão. Mas, é sempre mais gratificante ir parando para conhecer alguns destinos quer na Turquia, quer no Irão, até chegar a Teerão. Devo dizer também, que o Irão merece pelo menos um mês de viagem.

Tabriz (2 dias)

Quando desejar, volte aos caminhos-de-ferro, apanhando o comboio que liga Ancara a Teerão. Confirme com alguma antecedência, porque não seria a primeira vez que a instabilidade na região causaria a suspensão desta ligação. Se esta opção, mais conveniente, estiver indisponível, apanhe um dolmus para Yüksekova. De lá para Esendere, onde pode cruzar a fronteira e entrar no Irão (uma narrativa da passagem desta fronteira aqui). De lá, procure um transporte para Orumiyeh, de onde poderá finalmente encontrar um autocarro para Tabriz.

Tabriz é território muito amigável para os portugueses. Porquê? Porque o treinador Toni trabalha para o clube local, o Traktor Tabriz, e é como que um deus para a população masculina da cidade. Para encontrar alojamento no Irão escusa de pensar em recorrer a websites como o Booking ou o AirBnB. Porquê? Porque o Irão é alvo de um bloqueio que se estende a estes websites. Terá que encontrar localmente onde ficar. Se encontrar o centro de turismo local, pergunte pela Mashad Guest House, que fica ali bem perto.

A praça Shahrdari é o centro da cidade. A partir de lá visite a Mesquita Azul, construída originalmente em 1465. Terá que pagar USD 3 para entrar. Vá-se habituando, no Irão paga-se tudo, sendo-se estrangeiro. Pelo menos o bazar será gratuito. É um dos mais antigos do Médio Oriente e o maior mercado coberto do mundo, o que lhe valeu a classificação como Património Mundial da UNESCO. Visite o parque El Goli e o seu lago artificial com uma ilha onde se encontra um restaurante que recomendo vivamente.

De Tabriz poderá apanhar um comboio para a capital, Teerão. No que toca a viagens ferroviárias no Irão será melhor consultar o website independente Iran Rail, pode é possível reservar bilhetes de forma oficiosa. Se preferir pode recorrer a uma agência de viagens iraniana, e para isso recomendo a Iran Traveling Center, baseada em Shiraz, que lhe poderá responder a questões específicas sobre ligações e alojamento no país e fazer as reservas que desejar. As comissões são muito justas e o serviço costuma ser de primeira classe.

Teerão (2 dias)

A capital do Irão não é muito popular entre os viajantes. É uma cidade enorme, com muito trânsito e relativamente poucos locais de interesse. Gostei particularmente do mercado e da área circundante, bastante genuíno. A uma curta distância encontrará o palácio Golestan, um edifício do século XVI que pode ser visitado. Poderá querer dar uma vista de olhos à espectacular torre Azadi, espreitar a antiga embaixada dos EUA, tomada pelos revolucionários em 1979 e ocupada durante a “Crise dos Reféns“. Não pode entrar no recinto, mas os graffities nos muros da embaixada merecem alguma atenção.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Teerão – Guia de Viagem.[/message_box]

Kashan (1 dia)

KASHAN IRAO
KASHAN IRAO

Pode apanhar um comboio para Kashan, mas o horário, com chegada a meio da noite, não é muito conveniente. Será melhor usar o metro para chegar à estação de autocarros “South Terminal”, que é algo confusa e poderá exigir um certo esforço para que encontre o autocarro certo.

Kashan é uma cidade com uma certa dimensão, mas a área histórica é relativamente pequena e pode ser percorrida a pé. Existe um bairro antigo, que remete para o imaginário que muitos de nós temos do Irão: casas de pedra amarela, ruas empoeiradas, mulheres cobertas de negro. Há um mercado, uma série de mesquitas, com destaque para a Agha Bozorg e uma série de casas apalaçadas que são hoje museus: as residências Boroujerdi, Tabatabaie e Abbasian House são as principais e todas merecem uma visita.

Na periferia da cidade encontram-se os imperdíveis jardins Fin, um exemplo da arquitectura paisagística persa que mereceu colectivamente a classificação de Património Mundial UNESCO.

» Eu fiquei três dias a visitar Kashan.

Yazd (2 dias)

YAZD IRAO
YAZD IRAO

Em Kashan pode apanhar um comboio pela manhã, que o deixará em Yazd pela hora de almoço. Apanhe um táxi e peça para ser conduzido ao Silk Road Hotel (silkroad_hotel@yahoo.com). Trata-se de um hostel mítico, ponto de encontro de viajantes, muito bem localizado e com diversas opções de alojamento… e servindo um pequeno-almoço de sonho.

A área histórica de Yazd é também bastante compacta, não sendo necessário usar transportes para explorar a cidade. Para além da Torre do Relógio, do Museu da Água, do Templo do Fogo zoroastriano, das “Casas do Silêncio” e das mesquitas históricas, viver Yazd é explorar a sua zona antiga, percorrer aquelas ruas sem destino, apreciar os detalhes, observar a arquitectura milenar das suas construções.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Yazd – Guia de Viagem.[/message_box]

Isfahan (3 dias)

ESFAHAN IRAO
ESFAHAN IRAO

De Yazd para Isfahan não existem ligações ferroviárias. O autocarro leva cerca de cinco horas a vencer a distância e há diversas partidas diárias. Poderá ficar no Amir Kabir Hostel, que oferece várias opções de alojamento, bem localizado e muito popular entre os viajantes ocidentais.

Em Isfahan encontrará o viajante, para além das muitas maravilhas históricas e arquitectónicas, uma atmosfera bem mais liberal, e em algumas ruas poderá mesmo esquecer que está no Irão.

Muito do que há para ver concentra-se em redor da majestosa praça Naqsh-e Jahan, que é na realidade mais uma alameda. Ali encontraremos a mesquita Imam e a mesquita Sheikh Lotf Allah, para além do Palácio Real (?l? Q?p?) e um bazar, entretanto já muito vocacionado para os turistas. Nas imediações há mais um punhado de palácios, como o Palácio das Quarenta Colunas, o Palácio de Ashraf ou o Palácio dos Sete Paraísos.

A não perder em Isfahan será o agradável Jardim das Flores, um parque botânico fascinante e muito frequentado pelos locais. O rio Zayanderud e as pontes históricas que o cruzam ainda é bastante atmosférico, mas a seca contínua e o desvio do seu caudal tornaram cada vez mais rara o pelo panorama das águas passando sob as pontes, cuja mais antiga, a Pol-e Shahrestan, data do século XI.

» Aconselho ainda a exploração do bairro arménio – Jolfa – e uma visita à catedral de Vank, do século XVII.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Isfahan – Guia de Viagem.[/message_box]

Shiraz (3 dias)

SHIRAZ IRAO
SHIRAZ IRAO

A ligação entre Isfahan e Shiraz é simples, assegurada por diversos autocarros diários que levam cerca de cinco horas a vencer a distância. Poderá alojar-se no Nyaesh Hotel (info@niayeshhotels.com), um simpático hostel com diversas possibilidades de acomodação e que enviará um condutor ao terminal de autocarros para o apanhar. Se desejar pode recorrer aos serviços do hotel para uma viagem de meio dia às famosas ruínas de Persepolis, um dos locais mais relevantes da História do Irão (30 USD, tudo incluído).

Tal como em Isfahan o ambiente aqui é relativamente liberal. Pode passear pelas movimentadas avenidas de Shiraz apreciando o comércio local, visitar o mercado e as diversas mesquitas existentes na cidade, com especial destaque para a pequena mas fascinante Nasir al-Mulk, onde entre Outubro e Dezembro o sol da manhã atravessa os vitrais e enche de cor o espaço interior da mesquita. É algo de mágico.

Existem uma série de palácios transformados em museus que pode visitar. A cidadela tem uma presença imponente, especialmente do lado de fora, onde se destaca a torre meio afundada e inclinada. Em seu redor há sempre muita animação. Pode também visitar os banhos públicos históricos de Vakil, localizados junto a uma das entradas do bazar.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Shiraz – Guia de Viagem.[/message_box]

Kerman (3 dias)

KERMAN IRAO
KERMAN IRAO

A viagem até Kerman é longa mas a paisagem é deslumbrante. Serão nove horas a bordo de um dos quatro autocarros que diariamente deixam Shiraz rumo a esta parte distante do Irão.

Poderá passar dois dias por ali, recuperando da viagem e explorando as maravilhas da cidade. Perca-se no seu bazar, apreciando os odores de especiarias exóticas. Beba um chá numa das casas tradicionais junto ao mercado e parta à descobertas das diversas mesquitas existentes em Kerman. Poderá visitar os castelos de Ghal’e Dokhtar e Ghal’e Ardeshir, localizados a este da cidade.

Bam (2 dias)

BAM IRAO
BAM IRAO

A cidadela de Bam – Arg-é Bam – é uma maravilha histórica, classificada pela UNESCO como Património Mundial. Infelizmente um violento sismo danificou-a consideravelmente em 2003. Apesar de um louvável esforço de renovação por parte das autoridades, muito do património ali existente ficou perdido para sempre.

Sugiro que passe um dia a relaxar e descansar porque está prestes a entrar na etapa mais complicada desta aventura: a travessia do Paquistão.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Irão – Guia de Viagem.[/message_box]

Quarta Etapa – Paquistão e Índia

Bam – Zahedan – Quetta (2 dias)

O primeiro passo é simples: todos os dias passa em Bam um comboio proveniente de Teerão que se destina à cidade fronteiriça de Zahedan. Daqui para a frente as coisas complicam-se. Entrará no Baluquistão, uma região do Paquistão que faz fronteira com o Afeganistão e onde existe intensa actividade de movimentos geralmente chamados de “terroristas”. A ideia é chegar à capital da região, Quetta, de onde poderá seguir de comboio na direcção pretendida. Poderá ler aqui (em inglês) um detalhado relato da entrada por esta fronteira e aqui uma abordagem mais radical a este troço da viagem.

Até Quetta não há como explicar como vão correr as coisas. Se tiver sorte, estará por ali no início ou no meio do mês e poderá – se estiver em circulação – apanhar o comboio que sai duas vezes por mês de Zahedan para Quetta. Se não, é cruzar a fronteira e procurar um transporte para Quetta. Autocarro, táxi partilhado, o que surgir. Se tiver coragem para uma viagem mais longa de autocarro, até pode ser que consiga algo que vá até Lahore, a principal paragem na sua travessia do Paquistão.

Quetta não é das mais bonitas cidades, mas será uma introdução ao Paquistão onde provavelmente desejará descansar um dia. Encontrará um posto de turismo na principal rua da cidade, a Jinnah. O centro é bastante compacto e não terá dificuldade para se deslocar a pé nas suas deambulações.

Lahore (3 dias)

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Lahore é uma cidade imensa. Com mais de 8 milhões de habitantes é a segunda mais populosa do Paquistão. Aqui chegará de comboio, vindo de Quetta. É uma viagem de 24 horas.

Agora que o Irão ficou para trás e de novo possível marcar alojamento online, mas em Lahora a oferta não é grande coisa nem especialmente barata. Poderá escolher o Carlton Tower Hotel, perto da estação e não demasiado longe do centro histórico, mas se uma cama num hostel em sistema dormitório (aqui há hosteis para o sexo feminino e hosteis para o sexo masculino, nada de misturas) lhe custará uns 5 Eur, qualquer estabelecimento de média gama ronda os 30 Eur pelo quarto.

A cidade muralhada é uma das mais antigas do mundo e tem muito para oferecer ao visitante. O castelo é Património Mundial da UNESCO e foi habitação dos imperadores Moguls. A mesquita Badshahi foi durante muito tempo a maior mesquita do mundo e pode ser visitada e a mesquita Wazir Khan que se distingue pelos seus finos mosaicos e que se encontra perto do portão de Déli. De forma geral a cidade antiga é composta de ruas e becos cuja exploração é um deleite. Por lá encontrará palácios e interessantes edifícios, como os “banhos imperiais”. Muitos dos portões medievais da cidade muralhada ainda se encontram por lá. Na realidade são treze, e a sua visita oferece uma boa referência a quem deseje explorar bem a zona.

Para relaxar um pouco poderá passear pelos jardins Shalimar ou fazer uma incursão aos museus da cidade: Museu de Lahore, inaugurado pelos ingleses em 1864 ou a casa-museu de Shakir Ali, com exposição de arte. Se estiver por Lahore numa Quinta-feira, não perca a reunião de Sufis no mausoléo de Shah Jamal, que dançam até entrarem em transe. Existe uma área para espectadores e para os estrangeiros está reservada a melhor zona para assistir.

Nova Deli (5 dias)

NOVA DELI INDIA
NOVA DELI INDIA

Todos os dias (excepto Domingos) existe um autocarro entre Lahore e Nova Deli. Trata-se de uma rota com algum significado histórico que se iniciou em 1999 e torna bastante simples este troço da viagem que demora cerca de oito horas.

Bem-vindo à capital da Índia, uma cidade com mais de 11 milhões de habitantes. Poderá aqui ficar alojado no Backpacker Panda, um hostel de méritos reconhecidos onde tem à sua disposição camas em dormitório mas também quartos privados. A localização é central e com fácil acesso ao metro.

Quando estiver pronto, parta à descoberta da cidade. Talvez o ponto mais famoso seja a Fortaleza Vermelha, construída pelo imperador mogul Shah Jahan e terminada em 1648. No seu interior encontram-se diversos edifícios, um museu e até um mercado.

Na parte sul da cidade encontrará o mausoléu de Humayun, um dos três locais de Nova Deli classificados como Património da Humanidade pela UNESCO. O mausoléu é enquadrado por um magnífico complexo com bem cuidados jardins, um cenário que encantará o visitante que começa a descobrir os encantos da Índia.

A zona de Qutub é outro dos locais UNESCO e é acessível através da estação de metro de Qutub Minar (linha amarela). A maioria dos edifícios no complexo datam do século XIII, tendo como epicentro a praça Ala-i-Darwaza.

De resto Nova Deli terá com que entreter o visitante durante uma mão cheia de dias. Muitos museus, monumentos, fortes e castelos, mercados, jardins, templos de várias religiões e muita comida. Agora que a viagem se aproxima do fim poderá usufruir de tudo isto e absorver o que uma cultura tão distante tem para oferecer.

» Eu fiquei vários dias alojado no Cottage Ganga Inn na zona de Paharganj. Fica assim para dentro de um beco saído da rua principal.

Varanasi (2 dias)

VARANASI INDIA
VARANASI INDIA

Existem vários comboios de Nova Deli para Varanasi e o melhor será visitar a estação de comboios logo no seu primeiro ou segundo dia em Nova Deli. No segundo andar encontrará uma bilheteira para turistas que será a garantia de um bilhete verdadeiro e onde poderá esclarecer todas as dúvidas. Teoricamente o website dos caminhos-de-ferro indianos vende bilhetes electrónicos mas é processo algo esotérico.

Chegado a Varanasi depois de uma viagem de 13 horas, instale-se, por exemplo, na Gambati Guesthouse, com uma da melhores localizações da cidade, bem na primeira linha frente ao rio Ganges.

O principal atractivo de Varanasi é o rio e a relação que os indianos têm com ele.  O Ganges é sagrado e as cerimónias que diariamente ocorrem nas suas margens enchem o olho de qualquer visitante. Especialmente interessantes são as longas escadarias que conduzem às águas, chamadas de “Ghat“. Existem uns quinze ghats especialmente atractivos, pela sua estética ou pelas lendas que encerram.

As cores e a intensidade da vida humana nesta cidade são suficientes para entreter. Dois dias de estadia serão o mínimo mas, claro, cada um ajustará a permanência à ligação que estabelecer com a cidade.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Varanasi – Guia de Viagem.[/message_box]

Katmandu – A Chegada (1 dia)

CATMANDU NEPAL
CATMANDU NEPAL

Existem diversos autocarros que ligam Varanasi ao Nepal. A ligação dura entre 15 a 22 horas, incluindo a passagem da fronteira.  Se tomar autocarros separados, para chegar à fronteira e depois de lá para Catmandu, aconselho o viajante a cingir-se às ligações oficiais, operadas pelas empresas do Estado. Isto porque há demasiados relatos de coisas a correr mesmo muito mal com turistas que se aventuram em autocarros privados. E não há necessidade.

Se conseguir, tente encontrar uma empresa de alguma confiança que faz a ligação directa entre as duas cidades: a Uttar Pradesh Road Transport Corporation. Há uma saída de dois em dois dias, com partida às dez da noite.

E depois de Katmandu?

Agora que o viajante concluiu a imensa aventura que é uma viagem por terra desde Lisboa até Catmandu, o que fazer a seguir? Poderá explorar exaustivamente o Nepal, usufruindo dos trilhos de montanha, vivendo a exótica cultura nepalesa. Fique umas semanas, leia sobre o país, respire a História. Depois, um dia, terá que pensar em regressar.

[message_box type=”attention”]Veja também a página: Visitar Nepal – Guia de Viagem.[/message_box]

Tem duas opções: voltar por terra, provavelmente escolhendo uma rota diferente (ver Outras Rotas) ou voar. Neste segundo caso poderá ainda tomar duas alternativas: regressar rapidamente a Portugal, provavelmente com uma escala ou duas, ou voar primeiro para um ponto mais central, usufruir dessa região, e mais tarde reiniciar a viagem de regresso. Nesse caso considera explorar a península da Indochina, visitando a Tailândia, a Malásia, o Cambodja e o Vietname, ou o Sri Lanka com posterior voo para o Dubai, de onde poderá ainda visitar o Omã antes de chegar a casa.

Outras Rotas

Claro que existem outros percursos que podem ser escolhidos. Mas não são tão evidentes, tão simples ou tão seguros como o que acabei de propor. Por exemplo:

  • Turquia – Geórgia – Azerbeijão – Turquemenistão – Uzbequistão – Quirguistão – China – Paquistão – India – Nepal. Um pesadelo de vistos complicados para obter;
  • Turquia – Geórgia – Arménia – Irão – Paquistão – Índia. O desvio pelo Cáucaso, ou seja, pela Geórgia e pela Arménia, exige um esforço extra mas é recompensado com a visita a dois belos países;
  • Rússia – Cazaquistão – China – Paquistão – Índia – Nepal. Há que contar também com o esforço extra para a obtenção de vistos e com a imensidão da Rússia.

Inspirações

Joe Ray é um engenheiro informático britânico. Em 2013 fez uma viagem por terra que lhe levou dez meses: de Londres até à Índia. Não é bem o Nepal, mas é muito próximo. O Joe escreveu um artigo no seu blog pessoal muito bem estruturado que poderá ser útil, até porque a sua abordagem foi completamente diferente, atravessando a imensa Rússia e a China e chegando por norte.

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De Portugal até ao Nepal por terra - Roteiro passo-a-passo
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