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O que fazer em Praga
O que fazer em Praga

Praga é uma das cidades mais visitadas do mundo e sem dúvida que o é por muito boas razões. Em 2016 quase seis milhões de pessoas visitaram Praga, colocando-a na vigésima posição das cidades mais procuradas pelos turistas. O valor do património arquitectónico do seu imenso centro histórico é incalculável, e o rio Vltava traz um toque de romance à cidade.

Durante o tempo que estive nesta cidade, tive oportunidade de visitar os pontos turísticos de Praga, e explorar o local a fundo. Visitar a República Checa e não passar por Praga, é deixar para trás um destino importante que vale a pena conhecer.

Visitar Praga República Checa

Vista panorâmica do Castelo de Praga desde o outro lado do rio

Praga é uma cidade erigida em colinas, nas margens do Rio Vltava e é a capital da República Checa. É inacreditável o quanto de património arquitectónico e cultural tem esta cidade.

É conhecida como a “Cidade das Cem Cúpulas” e está repleta de lindíssimas pontes. Praga era um ponto fulcral na passagem rotas comerciais ligando o Norte e o Sul da Europa. Existem vestígios de que os Celtas povoaram este território nos séculos III e IV a.C.

Praga tem imenso para ver, por isso é conveniente organizar um pouco a sua visita para conseguir ver o máximo possível, de forma mais organizada, contribuindo assim para usufruir de umas férias mais proveitosas.

Melhores atrações de Praga

Centro histórico de Praga na República Checa
  1. Ponte Carlos
  2. Castelo de Praga
  3. Catedral de São Vito
  4. Orloj – Torre do Relógio
  5. Castelo de Karlstein
  6. Praça da Cidade Velha
  7. Torre Petrín
  8. Praça Wenceslas
  9. Rotunda de S. Martinho
  10. Casa Dançante
  11. Igreja da Nossa Senhora em frente de Týn
  12. Muro de Lennon
  13. Mosteiro de Strahov
  14. Casa Municipal
  15. Parque Petrín
  16. Clementinum
  17. Cemitério Judeu de Praga
  18. Museu Nacional de Praga
  19. Teatro Nacional
  20. Bairro Josefov
  21. Torre da Pólvora
  22. Museu Judeu de Praga

Dica de Viagem

  1. Acorde cedo e seja o primeiro a entrar nos melhores destinos de Praga, nos monumentos, museus ou outros locais de interesse.
  2. A República Checa não aderiu ainda ao Euro e a sua moeda chama-se Coroa Checa (Korunní, em checo), abreviada para CZK. Será portanto necessário obter Coroas para os seus dias em Praga. Poderá levantar dinheiro local com o seu cartão de crédito ou débito numa caixa automática (Bankomat, em checo) ou trocar dinheiro em casas de câmbio. Existem milhares de pequenas casas de câmbio, especialmente nas zonas turísticas, mas é preciso ter alguma prudência pois algumas oferecem taxas de conversão pouco vantajosas ou tarifas de serviço elevadas. A eXchange, na rua Kaprova, 14/13, bem perto da Praça Antiga, é de confiança.

O que é isto de Praga 1, Praga 2, Praga 3… ?

A divisão de Praga em zonas numéricas é sobretudo administrativa. Cada uma destas zonas corresponde ao que em Portugal são Freguesias. Algumas são simples de explicar: Praga 1 corresponde à Cidade Antiga e Praga 2 à Cidade Nova. Mas a partir daí as coisas complicam-se, e se é verdade que de uma forma geral quanto maior o número mais longe está do centro, fique a saber que o maravilhoso bairro de Letna, do outro lado do rio, em frente à Cidade Antiga, é Praga 7. E que a distante Nusle é Praga 4. Um conselho: tente ignorar estas referências numéricas e quando necessário foque-se na designação nominal do bairro.

Qual é a melhor altura do ano para visitar Praga?

Já visitei Praga umas três ou quatro vezes e em alturas do ano distintas. Tive assim uma perspectiva completamente diferente a nível de temperaturas já que no Verão apanhei Sol e calor, e durante o Inverno apanhei neve e frio com temperaturas de 17 graus negativos.

Outubro e Novembro – As Cores Quentes do Outono

O mês de Outubro é também uma excelente escolha. Já a invasão de turistas de Verão se foi, mas o clima mantém-se ameno com quase todas as actividades e animação dos meses anteriores. É verdade que se sente no ar uma cidade que se prepara para o Inverno. Há um desanimar, um aguardar da chegada das primeiras neves. Os parques de Praga enchem-se com as cores da folhagem de Outono. É um espectáculo!

Novembro a Março – Frio e talvez Neve

Entre os meados de Novembro e de Março o frio aperta. Não tanto como antes, é certo. Não é preciso ser-se muito velho para falar de memórias de invernos em que a neve atingia metros de altura e em que as águas do rio congelavam, transformando-se numa plataforma natural para patinar. Mas os tempos agora são outros. É verdade que ainda faz frio e que em períodos excepcionais os termómetros podem descer aos 20 graus negativos. Mas será mais normal andarem por volta dos zero graus.

É preciso perceber que o frio continental é diferente, bem mais tolerável, e que o nosso corpo sente estes zero graus da mesma forma como sente uns dez graus no nosso clima mais húmido. Nesta altura os preços baixam com as temperaturas e a concentração de visitantes desce também. É a época baixa, mas Praga será sempre uma cidade muito turística. Eu já visitei Praga neste altura duas vezes e gostei muito de ver a cidade com neve apesar do frio.

Muitas pessoas fantasiam uma visita a uma Praga coberta de neve. Remete para o imaginário dos postais de Natal. Infelizmente nos últimos anos tem nevado cada vez menos e em períodos mais reduzidos. É impossível apontar um período específico desta época como o favorito para a visita da neve. Pode cair um bom nevão bem cedo, em Novembro, mas pode-se chegar ao Inverno sem sinais dos flocos brancos. É uma questão de sorte.

Abril a Junho – Chega a Primavera

Depois dos meses escuros e tristonhos de Inverno, a população de Praga aguarda a chegada da Primavera. E aos primeiros sinais a cidade transforma-se. Os parques enchem-se de gente, há uma rara alegria no ar. Todos saem para a rua, ninguém segue directamente do trabalho para casa, há que parar antes para uma cerveja, para uma conversa com os amigos.

O Abril pode mesmo assim ser ainda cinzento, com chuva abundante e dias frios. As árvores mantêm-se desnudadas até tarde. Apenas na última semana do mês os parques ganham a cor da folhagem que desponta. Maio é o mês da grande explosão, excelente para uma visita a Praga, ainda sem a grande invasão de turistas que acorrem no Verão mas já com as melhores condições presentes. Quanto a Junho, é quando se começa a sentir a chegada do Verão: despontam os mercados de rua, os eventos culturais, os concertos ao ar livre. Para muitos será o melhor momento para vir até Praga.

Julho a Setembro – O Verão, vivo e chuvoso

Antes de mais é preciso deixar algo claro: nesta parte do mundo chove no Verão. E não é pouco. Agosto é o terceiro mês do ano com mais precipitação. Julho, o quarto. Mas as temperaturas mantêm-se sempre agradáveis e há um ambiente especial no ar. A população descontrai, o ritmo urbano abranda. Mas enquanto a cidade se esvazia de locais, que partem rumo às suas merecidas férias, enche-se de visitantes que enchem por completo os bairros mais interessantes. Torna-se mais difícil encontrar bom alojamento e a concentração de turistas pode ser asfixiante. Por outro lado, é uma boa altura para explorar a Praga que não vem nos roteiros: nos parques mais afastados há sempre animação, eventos, reuniões. Uma época para se deixar surpreender. Eu já visitei Praga neste altura e gostei muito de ver a cidade com luz e bom tempo.

Turismo em Praga

Excursões em Praga

Lugares para visitar em Praga

A Praga para turistas é geralmente dividida em cinco sectores: Cidade Nova (Nové misto), Cidade Velha (Staré misto), Bairro Juseu (Josefov), Cidade Menor (Malá strana) e Castelo (Hradcany). Vou então fazer a apresentação de cada um destes locais, para que você consiga perceber como se organiza a cidade a nível turistico, mas também para que consiga facilmente montar um roteiro de Praga.

Visite ainda a outra página que tenho dedicada só aos monumentos de Praga com informação prática e histórica de cada um dos melhores lugares para visitar na capital checa.

1. Cidade Nova

A famosa Ponte Karlovo ou Ponte Carlos em Praga

A cidade Nova de Praga abraça a velha, mantendo-a isolada, contra o rio, separando-a dos bairros mais recentes, de Vinnohrad, de Zizkov.

Apesar do nome, esta parte da cidade não tem nada de nova. A designação surge por comparação com a Cidade Velha, ainda mais antiga, mas foi fundada em 1383, pelo rei Carlos IV. Hoje em dia revela um equilíbrio agradável, entre modernidade e elementos históricos, tendo como centro a monumental alameda que é a Praça Venceslau, encimada pelo Museu Nacional e pela mítica estátua equestre onde, segundo manda a tradição, jovens enamorados combinam os seus encontros, obrigatoriamente atrás do cavalo.

Esta praça enche-se de multidão dos momentos cruciais da história do país. Foi aqui que se viveu a emancipação da Checoslováquia após a Primeira Guerra Mundial e foi aqui que os alemães desfilaram após a anexação de 1938. Na sua calçada o povo de Praga tentou reagir ao domínio soviético e ali se imolou pelo fogo o jovem estudante Jan Palach, exactamente no local onde hoje se pode ver o discreto monumento ao seu sacrifício. Foi, por fim, ali que os checos desencadearam a Revolução de Veludo que trouxe a democracia de volta ao país.

Hoje é um dínamo de vitalidade, um centro de comércio tradicional onde a multidão circula sem parar. É servida por duas estações de metro onde se cruzam as três linhas da rede, e a partir daqui se pode com facilidade chegar ao rio, descendo a avenida Narodni, aos bairros mais recentes de Zizkov e Vinohrad e, penetrando pelas ruelas medievais, chega-se ao coração antigo da cidade.

Não muito longe, a uns cinco minutos de passo rápido, vamos encontrar a Praça Karlovo, com o seu bonito parque, onde nos tempos medievais se organizava um mercado de gajo.

A avenida Narodni, que serve de fronteira a esta área, tem uma história riquíssima e aqui se encontram os dois cafés históricos de maior importância em Praga: o Slavia, na esquina que dá para o rio, e o Louvre, que ocupa um primeiro andar, mais acima. Frente ao Slavia, o Teatro Nacional, edifício imponente, construído através de subscrição pública, ou seja, com doações de cidadãos anónimos, numa altura em que, apesar de fazer ainda parte do Império Austro-Húngaro, a Boémia fervilhava de nacionalismo e sentia a necessidade de trazer até às pessoas teatro em checo, uma vez que até então o acesso à cultura se fazia exclusivamente em alemão.

Se seguir essa avenida rio adentro, estará a usar a ponte Legií e sensivelmente a meio do tabuleiro encontrará umas escadas que o levarão à ilha dos Atiradores, um espaço que foi recentemente requalificado e tem agora regras rígidas de utilização (por exemplo, não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas). É uma área agradável, mas o mais importante é que da extremidade desta ilha se obtêm as melhores fotos da ponte Karlovo, bem enquadrada pelos edifícios históricos de Praga.

Nas traseiras do teatro encontramos um tecido urbano muito interessante, intimista, bem dotado de interessantes cafés e restaurantes, onde um visitante se pode perder sem receio, até encontrar a rua Myslikova, mais larga e claramente o fim deste micro-bairro ou, para cima, a Spálena e a estação de metro de Narodni Trida.

Se partir do Teatro Nacional mas mantendo-se junto ao rio, fará um pequeno passeio cheio de charme, sempre lado a lado com o Vltava, podendo atentar nas adoráveis fachadas dos edifícios e na ilha que ali se forma, de fácil acesso, caso decida gastar algum tempo a explorá-la.

Numa esquina – impossível de deixar de reparar – verá um edifico como uma arquitectura peculiar, a Casa Dançante. Se lhe interessa fique a saber que no seu topo existe um café-restaurante, e que o prédio moderno nasce assim, no meio de edifícios clássicos, porque ali caiu uma bomba durante a Segunda Guerra Mundial, que deixou um buraco em aberto. ~

Curiosidade: o primeiro presidente da moderna Checoslováquia, Vaclav Havel cresceu mesmo ao lado e envolveu-se pessoalmente na criação da Casa Dançante.

Se passear por aqui ao fim da tarde reparará que – caso o tempo esteja de feição – se reúne à beira rio uma multidão de pessoas. Nos últimos anos tornou-se tradição vir até aqui, à Naplavka, beber um copo e encontrar os amigos depois do trabalho. Especialmente agradáveis são os bares instalados em barcos, atracados ao cais, e um deles é mesmo um teatro flutuante. Se procura um ambiente mais requintado, um local perfeito para uma refeição romântica, experimente o Barco Mathilda, logo no início da Naplavka.

Chegará eventualmente à Praça Palackého, a partir da qual o aconselho a internar-se um quarteirão para o interior. Por aqui já raramente se aventuram turistas e os edifícios, quase todos de início do século XX, oferecem pormenores deliciosos. Há-de chegar à Svobodova e à linha ferroviária. Na esquina, do lado do rio, encontrará uma geladaria que é uma coisa fabulosa, que não deverá perder por nada deste mundo. E do outro lado, é já Vysehrad, fora dos limites da Cidade Nova.

2. Cidade Antiga

A Cidade Antiga de Praga

O coração da cidade antiga, durante uma caminhada a visitar Praga, é daqui de onde todos os caminhos originam e onde todas as vielas vão dar, é a Praça Antiga (Staromestské námestí). Impossível descrever o património arquitectónico que aqui existe ou sugerir roteiros. As ruas são demasiado estreitas o nível de magia demasiado elevado. A única forma de explorar esta parte da cidade é deixando-se ir, ao sabor do seu querer, perdendo-se nas ruas de calçada, observado cada detalhe à medida que os for descobrindo.

Ao caminhar por aqui é importante que procure com o olhar o espaço acima da sua cabeça, porque a decoração dos edifícios pode ser incrivelmente bela nos níveis mais elevados. E há outras surpresas, como aquela enigmática escultura que se encontra pendurada com uma mão de uma viga suspensa entre telhados.

Uma dica: se tiver a coragem necessária, sair para a rua com o nascer do sol pode oferecer uma perspectiva diferente desta Praga, clássica, sempre tão cheia de gente. Claro que não será a único a ter essa ideia, mas é sempre diferente.

3. Josefov

O bairro judeu é por muitos considerado parte da Cidade Antiga, mas vamos considerá-lo como uma entidade independente. O bairro ganhou o seu nome, Josefov, devido à gratidão que os seus habitantes, judeus, devotaram ao rei Joseph II, que legislou em sua defesa, emitindo o Édito de Tolerância de 1781.

Nos dias de hoje ainda se encontram traços da presença hebraica neste bairro e é comum verem-se homens com yarmulke, aquela cobertura de cabeça usada por muitos judeus. Mas o bairro foi profundamente alterado entre 1893 e 1913, quando as autoridades tentaram remodelar a cidade à imagem de Paris. Do património judeu sobreviveram seis mesquitas (a mais antiga, datada do século XIII), o cemitério e a antiga sede do bairro. Perdeu-se o carácter de judiaria que se pode ainda sentir nas ruas do Bairro Alto e de Alfama. As ruas de Josefov confundem-se com as da Cidade Velha, sendo agradável passear por aqui.

O Museu Judeu de Praga aglomera o património hebraico, com uma bilheteira centralizada onde se podem comprar ingressos para visitar estes locais, incluindo o cemitério antigo. Mas há outros pontos que merecem alguma atenção: o local de nascimento do importante escritor checo de origem judia, Franz Kafka, é um deles. Localiza-se, claro, na rua Franze Kafky. Pode-se visitar e o bilhete custa 40 CZK. Quem se interesse pela vida e obra deste autor, que escrevia em alemão, poderá gostar de beber café no Slavia, onde o escritor passava inúmeras horas.

Uma outra curiosidade é a que será provavelmente a casa mais pequena de Praga, situada na rua Anežská, número 1043/4. É mesmo de reduzidas dimensões! Tem uma largura de metro e meio, tendo sido construída inicialmente há três séculos e restaurada em 1853, quando se instalou ali uma oficina de artes. À entrada do século XX, vivia ali uma senhora que se dedicava à prostituição.

4. Mala Strana

Esta é a parte clássica de Praga do lado de lá do rio, entre a ponte Karlovo e o Castelo, estendo-se um pouco ao longo dos bancos do Vltava.

Para lá chegar há que atravessar a ponte Karlovo, a mais antiga das muitas pontes que hoje cruzam as águas do Vltava. A sua construção iniciou-se em 1357, no mesmo local onde anteriormente existira uma outra ponte, destruída por umas violentas cheias. Foi concluída cerca de cinquenta anos mais tarde, tomando o nome de Ponte de Pedra ou, por vezes, Ponte de Praga. Apenas em 1870 o actual nome foi adoptado. É uma ponte de 240 metros, sustentada por dezasseis arcos que assentam em quebra-gelos de pedra. Ao longo do tabuleiro encontram-se trinta estátuas, quase todas de carácter religioso, seguindo o estilo barroco e colocadas na ponte em 1700. Note que as que verá durante a sua visita são réplicas das originais que ou foram danificadas ao longo dos tempos ou se encontram depositadas na segurança do lapidário do Museu Nacional.

Mala Strana inclui a bonita ilha de Kampa, onde se pode ver o mural de John Lennon, localizado em frente à embaixada de França, na praça Velkoprevorske. Foi aquele o local escolhido por um grupo de jovens para homenagear o cantor inglês quando este foi assassinado, em 1980. Na altura, só a audição de música ocidental era punível o que torna mais notável a coragem dos fãs de Lennon. Durante anos o local ficou associado à oposição do regime ditatorial mantendo-se um duelo entre as autoridades, que pintavam o muro de branco e o policiavam tenazmente, e os jovens rebeldes que ousavam regressar para repetir os poemas e as palavras “subversivas”.

Também nesta ilha existe um extenso relvado onde em dias de sol as gentes de Praga se vêm estender, tornando-se um espaço muito social.
Em Mala Strana encontramos a rua mais estreita de Praga, uma viela onde apenas uma pessoa pode passar de cada vez, e que apesar de ter existência legal como rua, é na realidade um vestígio único das vias de incêndio, que eram mantidas para que em caso de sinistro as pessoas pudessem aceder facilmente às águas do rio e acudir ao fogo. Para chegar aqui terá que descobrir a rua U Lužického Semináre. Vindo da ponte Karlovo, passe em frente à livraria Shakespeare (excelente local para comprar livros em inglês sobre Praga) e encontrará a passagem umas dezenas de metros à frente, do lado direito.

De resto, é por Mala Strana que passamos, rumo ao castelo de Praga. Existem algumas formas de lá chegar. Talvez a melhor seja subir a rua Nerudova, assim chamada em honra da Jan Neruda, um escritor checo que aqui viveu e que abordou a rua e a sua vizinhança em muitas das suas histórias. O mais conhecido Pablo Neruda adoptou o nome do seu predecessor checo.

Preste atenção aos símbolos existentes sobre as portas de diversas das bonitas casas que a ladeiam. Mais do que uma função decorativa, esses símbolos tiveram outrora uma tarefa mais prática: antes da atribuição de números postais a cada casa, estes símbolos permitiam aos carteiros identificar os destinatários da correspondência que transportavam.

Por exemplo, atente na fachada do número 47 viveu Jan Neruda, onde verá um bonito símbolo representando dois sóis. Se hoje desejarmos escrever uma carta para este endereço, deveremos dirigi-la a 41 Nerudova – Praha 1. Mas antes nos tempos de vida do escritor, o que escreveríamos no envelope seria: Jan Neruda – Casa dos Dois Sóis, Nerudova, Praha.

Outros prédios com símbolos interessantes na Nerudova: o 12, ou Os Três Violinos, onde viviam três famílias que se dedicavam à manufactura destes instrumentos musicais; diz a lenda que em noites de lua cheia se podem aqui ouvir misteriosas melodias de violino. No 32 temos o Leão Dourado, que aloja um pequeno museu dedicado às farmácias clássicas de Praga. No 41 vamos encontrar O Leão Encarnado, onde viveu o pintor Petr Brandl, cujos trabalhos decoram algumas das igrejas da cidade. No 47, onde Neruda viveu após a morte do seu pai, a casa chama-se Três Águias Negras.

Este sistema iniciou-se em meados do século XIV. Por essa altura existiam cerca de 230 casas assim marcadas. No século XVIII esse número tinha ascendido para 900. Hoje restam mais ou menos duas centenas de casas ostentando símbolos e se é verdade que a maior concentração se encontra na rua Nerudova, podem ser vistas por toda a Praga clássica.

Apesar de tecnicamente não estar integrada no bairro, a colina Petrin, visível de toda a área ribeirinha central de Praga é uma extensão natural de Mala Strana. Trata-se de um belo parque urbano que se estende pela colina acima. Existem inúmeros passeios que permitem ao visitante explorar esta tranquila parte de Praga. A meio da encosta existe um restaurante com excelentes vistas, servido por uma paragem intercalar do ascensor que liga o topo de Petrin a Mala Strana.

De Petrin pode-se caminhar pelos caminhos do parque em direcção ao Castelo ou, para o lado oposto, para o Jardim Kinsky, que não é mais do que uma extensão natural da colina. Existem vários acessos a Petrin, sendo que um dos principais é pela zona do parque onde está instalado o Museu Etnográfico.

Escondidas entre a floresta desta colina encontram-se surpresas agradáveis, como a Muralha da Fome, assim chamada porque foi construída pelo rei num ano de más colheitas. Diz a estória que assim manteve o seu povo alimentado, pagando o cereal necessário do seu bolso em troca do trabalho da construção. Outra jóia bem escondida é a igreja de São Miguel, um templo ortodoxo em madeira que foi transportado da Ucrânia para ser instalada em Praga a tempo da Exposição Universal de 1891.

Nos limites de Mala Strana, em Ujezd, no sopé da colina Petrin, encontramos o impressionante Monumento às Vítimas do Comunismo, apresentado como uma representação dos efeitos destrutivos que o sistema teve no país, com uma série de esculturas antropomórficas dispostas ao longo de degraus suaves, uma por cada degrau, cada uma mais decomposta do que a anterior. A obra foi inaugurada em 2002, criada pelo escultor Olbram Zoubek e pelos arquitectos Jan Kerel e Zdenek Hoelzel. No ano seguinte uma bomba mandou pelos ares uma das estátuas e mais recentemente outra foi parcialmente danificada por um cidadão anónimo.

5. Hradcany

O Castelo de Praga é a grande figura de Hradcany. Apesar da designação de “castelo” ser algo discutível, se a aceitarmos estaremos perante o maior do mundo. Quem o diz é o Guiness Book of World Records, que determina a área do complexo em 70.000 m2.
Hoje em dia o Castelo procura harmonizar duas funções distintas: é a sede da Presidência da República Checa e hospeda mais uma série de organismos de Estado mas ao mesmo tempo é um dos locais mais visitados da cidade, recebendo cerca de 2 milhões de turistas todos os anos.

As áreas públicas do castelo estão abertas entre as seis da manhã e as 22 horas, apesar de pontualmente o fluxo de visitantes ser barrado pela guarda para a chegada de visitantes oficiais ou para cerimónias de Estado. Quanto aos museus, abrem das 9 às 17. Será contudo melhor consultar o horário oficial, não só porque existem diversas excepções como porque há alterações com frequência.

Os bilhetes podem ser combinados de diversas formas, com os mais completos a custarem 350 CZK e os mais baratos, apenas para a Torre da Pólvora, a valerem 70 CZK. O preçário completo pode ser consultado aqui. Note que para visitar o castelo ou os seus jardins, não é necessário bilhete.

O seu interior está recheado de pontos de interesse e os jardins, se estiverem abertos ao público, valem a pena. A estrela maior será talvez a catedral de São Vito, um imponente templo construído ao longo de centenas de séculos no local onde cerca de 925 existia uma pequena capela. A catedral começou a ser construída em 1344 e por incrível que pareça os trabalhos duraram até 1929, sendo talvez a obra mais longo da história da humanidade.

No interior do castelo existe também a Basília de São Jorge, de estilo românico, e uma série de museus e áreas históricas abertas ao público: o antigo palácio real, a exposição que conta a história do castelo, a torre da pólvora, o tesouro da catedral e a galeria de arte serão os elementos mais significativos.

A Via Dourada é uma rua aparentemente normal que se encontra no interior do castelo. Foi habitada por cidadãos comuns até à Segunda Guerra Mundial. As casas que aqui se encontram são verdadeiramente históricas, mas o acesso à área não é livre, sendo necessário adquirir um ingresso. Contudo, se vier ao serão, talvez possa visitar gratuitamente e de resto existirão menos pessoas por ali.
O render da guarda, apesar de não ter a tradição das cerimónias do Palácio de Windsor, não deixa de ser espectacular.

Mas Hradcany não é apenas o castelo. Sobretudo para trás do complexo governamental existem alguns pontos que agradarão o visitante. A igreja do Loreto, de estilo barroco, é um bonito edifício, cujo famoso carrilhão ecoa de hora a hora. O seu interior pode ser visitado (150 CZK) e a visita vale bem a pena.

Ali perto, ao virar da esquina, existe uma fotogénica praça, a Phorolec, que merece alguma atenção. Sob as suas arcadas existem alguns cafés e toda a envolvência corresponde ao que a maioria dos visitantes de Praga tem no imaginário correspondente à cidade. Dali pode regressar à Nerudova através da bem mais tranquila Úvoz ou, se preferir, internar-se nos caminhos da colina Petrin. Em alternativa, poderá visitar o Mosteiro de Strahov, cuja fabulosa biblioteca (80 CZK) parece saída dos contos de Harry Potter.

6. Vysehrad

Localizada no topo de um cerro que se ergue sobre as águas do Vltava, encontramos a fortaleza de Vysehrad, uma versão relativamente moderna do castelo que outrora ali existiu e que foi, de facto, o núcleo histórico da cidade, o local onde tudo começou.

A lenda diz que nesse reduto, por volta do século VII, vivia a princesa Libuše, da tribo Lech, capaz de ter visões que determinavam a sua liderança do reino. Num desses momentos, olhando para o horizonte, exclamou subitamente: “Vejo uma cidade cuja glória tocará as estrelas”. E dito isto apontou na direcção onde hoje existe o Castelo e deu ordens à sua gente de confiança para partirem em busca de um homem que por ali estaria a construir um arco de uma porta. Onde o encontrassem, deveria iniciar-se a construção de uma nova cidade a que se daria o nome de Praha (práh significa “arco de porta”).

Apesar de se terem passado séculos desde a mudança do poder de Vysehrad para o Castelo, os checos têm ainda uma forte ligação emocional com o local onde tudo começou. É aqui, junto à Igreja de São Pedro e São Paulo, que podemos visitar um cemitério que funciona, de certa forma, como panteão nacional. Ali se encontram grandes figuras da história checa, como Josef e Karel Capek, os compositores Antonin Dvorák e Bedrich Smetana e muitas outras.

A actual fortaleza é fruto de múltiplas alterações e melhorias efectuadas ao longo de séculos, mas é sobretudo um testemunho da arquitectura militar austro-húngara de meados do século XIX. É um espaço ideal para explorar, complexo e cheio de recantos, mas mesmo assim bastante compacto. No seu interior encontra-se a Rotunda de São Martinho, uma pequena capela construída em estilo românico em meados do século XI e talvez o edifício mais antigo da cidade. De resto, não existem muitos vestígios da Vysehrad medieval: parte do portão Špicka (por onde se acede se se chegar vindo da estação de e as ruínas de uma antiga torre de vigia a que se chama hoje Os Banhos de Libuše.

Das muralhas de Vysehrad tem-se uma excelente vista sobre o rio, avistando-se ao longe a estrutura do Castelo e uma boa parte do centro histórico. Da direcção oposta corre o rio, deixando ver locais onde os turistas raramente vão… algumas ilhas do Vltava, a área de Podoli e, do outro lado, Barrandov.

Ainda no interior da fortaleza existe um excelente “jardim da cerveja”, ideal para beber uma caneca e petiscar uns grelhados tipicamente checos. A atmosfera aqui não é nada turística, nem o são os preços.

Pode chegar a Vysehrad caminhando, a partir do centro, sempre junto ao rio até encontrar a ponte ferroviária. É um bom passeio, para se fazer devagar, mas se preferir pode usar a linha de metro vermelha e sair na estação de Vysehrad.

7. Letna

Um dos bairros mais cool de Praga, conhecido pela qualidade de vida que oferece aos residentes, com a sua localização central e contudo mantendo uma atmosfera bairrista, com ruas tranquilas e acesso fácil a dois belos parques urbanos.

Localiza-se na margem oposta do rio e pode chegar-se até Letna de eléctrico (1, 2, 8, 25, 26) ou simplesmente caminhar desde a Cidade Velha, percorrendo a avenida Revolucní, atravessando a ponte e subindo as rampas e escadas que do lado de lá trepam a colina. O bairro, invisível, encontra-se mesmo ali por detrás.

Para o alcançar terá que atravessar um troço do parque de Letna, onde se encontra um dos mais famosos “jardins da cerveja” da cidade, de onde se pode beber um copo com uma grande vista para os bairros antigos de Praga. Se caminhar um pouco para a esquerda, pelo meio dos trilhos do jardim, encontrará o Metrónomo, o pêndulo perpétuo, instalado num terraço de onde se obtêm as melhores fotografias panorâmicas do centro histórico, do rio e das suas pontes. Foi ai que no auge do Estalinismo pós Segunda Guerra Mundial o regime comunista construiu uma monumental estátua do líder soviético, que veio a ser demolida após a sua morte.

Letna é um bairro de planta geométrica, repleto de cafés, restaurantes e pubs. Há ali também um dos melhores museus da cidade, o Museu Nacional da Tecnologia que se congrega com o Museu Nacional da Agricultura.

Atravessando o bairro, encontrará um dos mais amplos parques de Praga: Stromovka. Começou como uma coutada real, criada no século XIII, mas apenas no século XVI ganhou feições de parque, com a construção do lago que ainda hoje podemos ver no local, bem povoado de simpáticos patos. Em 1804 tornou-se público, não tendo mudado muito desde então. São mais duzentos anos a chamar a si os habitantes de Praga, que ali passam belos momentos nas suas vidas do dia a dia.

8. Vinohrady

O nome deste bairro significa “Vinhas” e são ainda algumas vinhas que se podem ver do parque Havlíckovy sady, na extremidade mais distante de Vinohrady.

Trata-se de uma área cosmopolita, muito apreciada pela comunidade de estrangeiros residentes em Praga e por uma classe média alta erudita que aqui encontra terreno fecundo para longas tardes de conversa nos muitos cafés e cervejarias do bairro.

Se gosta de caminhar pode vir, desde o rio, acompanhando o trilho dos eléctricos, subindo a rua Resslova que se inicia junto à Casa Dançante. Deverá atravessar a praça Karlovo e, se quiser, poderá visitar o local de uma importante batalha que teve lugar durante a Segunda Guerra Mundial, na cripta da igreja de São Cirilo e de São Methodius, que vai surgir à sua esquerda.

Passará por IP Pavlova, um bem conhecido centro de permuta de transportes, com uma estação de metro da linha vermelha e muitas rotas de eléctricos e chegará à praça Namesti Miru. Aqui realiza-se uma excelente feira de Natal, boa alternativa à muito turística Praça Antiga, e é frequente a organização de eventos no espaço frente à igreja de Santa Ludmila, cujas torres se podem ver de quase todos os pontos altos da cidade.

Se preferir usar os transportes públicos para visitar o bairro, pode usar a estação de metro da linha verde de Namesti Miru ou apanhar os eléctricos 22, 10 ou 16.

Apesar de parecer já algo afastado do centro histórico, toda a edificação de Vinohrady é de finais do século XIX ou início do século XX, erigida nos estilos Art Noveau, Pseudo-Barroco, Neo-Renascentista e Neo-Gótico.

A partir da praça Namesti Miru pode tomar uma das ruas à sua direita, onde encontrará excelentes cafés e restaurantes. Estas, como tantas outras neste bairro, são vias residenciais, pacatas, ladeadas de frondosas árvores que na Primavera e no Verão enchem a rua de refrescante sombra.

Regressando à praça, pode subir a avenida Korunny até encontrar do lado direito uma bonita torre que, apesar do esplendor arquitectónico, é apenas uma torre de água. Foi construída em 1891 segundo um plano claramente Neo-Renascentista de Antonín Turka, e esteve em funções, como parte da rede de distribuição de água da cidade, até 1962.

Mesmo ali ao lado, num parque que se avista do lado direito, existe uma igreja de traça muito particular. Parece mais moderna do que é. Data dos anos 30 e durante a Segunda Guerra Mundial foi palco de combates entre os ocupantes alemães e resistentes checos.

Da torre da água pode descer a rua Nitranska, onde também existem alguns bons locais para comer ou beber qualquer coisa e chegará a Jiriho z Podehbrad, uma praça com um nome complicado mas com uma atmosfera bem interessante. Aqui são organizados frequentes mercados, por vezes para venda de frutas e legumes, outras vezes para barraquinhas de comes e bebes. E isto em frente a uma outra igreja de desenho único, a Nejsvetejsího Srdce Páne?, desenhada por um arquitecto que nos anos 30 teve um papel vital no redesenhar do Castelo de Praga.

9. Zizkov

Se há uma história de parente rico e parente pobre, essa história vive-se entre Vinohrady e Zizkov. A primeira, sempre burguesa, cosmopolita, enquanto que a segunda se manteve durante décadas no seu registo operário, fabril, socialista. A separar estes dois barros, uma rua, a Vinohradská, que cruzámos há pouco quando chegámos a Jiriho z Podehbrad.

Estando nesta praça vamos procurar a rua Laubova (se estivermos de frente para a porta da igreja, é do nosso lado esquerdo) e caminhar por ela até chegar a uma tranquila rotunda. Nela, encontraremos o U Sadu, um agradável pub, bem característico, onde a oferta de cervejas é rotativa, com variedades provenientes de pequenas fábricas a chegar todas as semanas. Também um bom local para comer e uma rara solução com cozinha aberta até às duas da manhã. Um alerta: se for com um grupo, tomem nota do que consomem e atenção na hora de verificar a conta.

Mas prossigamos o passeio. Vamos virar à direita nessa rotunda, e chegar até à torre de televisão de Žižkov, um marco da cidade que muito deu que falar à data da sua construção, ainda no período comunista. As pessoas não gostaram, alcunharam a estrutura de “o pénis de Praga”, e espalhou-se mesmo o rumor de que o Governo tinha ao seu dispor tecnologia que permitia, a partir da torre, escutar todas as conversas privadas dos cidadãos de Praga. A torre pode ser visitada, com acesso ao observatório entre as nove e o meio-dia. O bilhete normal custa 230 CZK.

Agora pode descer a Onderková, até encontrar a Táboritská. Vire à direita. Um pouco mais à frente, do seu lado esquerdo, encontrará o acesso para o parque Parukárka, que poderá visitar se desejar gastar um pouco de tempo num local frequentado pelas pessoas locais, que se estendem ali nos relvados depois de comprarem uma cerveja no “beer garden” que se encontra logo no início. Mas é coisa que só vale a pena nos dias bons de Primavera ou Verão.

Por outro lado, se em vez de se focar no lado esquerdo, caminhar mais um pouco, até à Jicínská, deverá procurar do outro lado da rua o portão secundário para aceder ao cemitério de Olšany, cujo ambiente tranquilo, a atmosfera pitoresca e a qualidade artística de muitas das lápides o transformam num ponto a visitar em Praga. Foi criado em 1680, para que ali fossem depositados os corpos das vítimas da praga. Cem anos depois, o rei proibiu que se enterrassem cadáveres dentro da cidade e este cemitério cresceu. Junto ao portão por onde vai entrar encontram-se as tombas mais antigas mas todo o cemitério respira História. Ali encontrará o local de repouso final de figuras históricas, como o jovem Jan Palach ou o grande líder comunista da segunda metade do século XX, Klement Gotwald. Noutra secção, que só poderá alcançar depois de atravessar quase um quilómetro deste cemitério e de cruzar uma rua, encontrará o cemitério judeu, onde se encontra a campa de Franz Kafka.

Comer & Beber em Praga

A gastronomia checa enquadra-se no estilo da Europa Central: é pesada, pensada para dar energia para o duro trabalho nos campos nos dias frios de Inverno. Muita carne, molhos densos, batata com fartura.

Os pratos de carne de porco são os mais comuns nos restaurantes. No que toca a peixe, são sobretudo consumidas as espécies de água doce, especialmente truta. Há ainda uma boa variedade de restaurantes vegetarianos com menus de excelente variedade.

A cozinha checa poderá parece monótona ao visitante, que muito justamente formará a sua opinião pelo que vai vendo nos restaurantes que experimentar. Só que existe uma particularidade: a grande parte dos pratos realmente típicos exigem um longo tempo de preparação e um grau de dedicação que só se pode esperar de uma dona de casa a tempo inteiro. Talvez por isso tendam a extinguir-se com o tempo, mas para já subsistem ainda, só que longe do alcance do turista. A restauração não se compadece com a complicada gestão da verdadeira cozinha checa e a não ser que tenha laços com uma família local, será complicado experimentar as maravilhas gastronómicas da boémia.
Assim sendo, vamos ao que interessa, ao que está disponível e é saboroso. Nos dias frios, aconselho uma sopa de alho. É algo que pode soar estranho, mas tem um poder revigorante assombroso. É um caldo aguado, bem carregado de alho, com pedacinhos de carnes fumadas e acompanhada de pão frito, usado para engrossar o petisco.

Outra iguaria a não perder será um goulash, servido por aqui de forma diferente do bem conhecido gulash húngaro. No país dos magyares, o goulash é uma espécie de sopa, enquanto na República Checa é um prato normal, de carne. Se encontrar onde comer um de javali, não deixe escapar a oportunidade. Caso contrário, vá ao Ferdinanda, perto da Praça Venceslau. Ali é servido um goulash de tenra carne de vaca aviado com uma dose generosa do molho cuja receita é mantida em segredo. Isto acompanhado de umas fatias de pão húmido e compactado, a que se dá o nome de dumplings, e que serve muito bem para aproveitar o tal molho. E o preço é uma agradável surpresa: 150 CZK serão suficientes, e isto inclui um copo pequeno de cerveja. Como vantagem adicional, como o goulash é a especialidade da casa e está sempre a sair, praticamente não há tempo de espera.

Os churrascos são muito populares, sobretudo em festas ao ar livre e jardins da cerveja. Há uma panóplia de especialidades, da qual destacarei a klobása, salsichas (ou chouriços) de diversos tipos servidos grelhados sobre uma fatia ou duas de pão escuro. Existem algumas barcaças junto às margens do rio onde se come bem este tipo de petiscos, empurrados por divinal cerveja gelada.

Por falar em cerveja. Há algo que se encontra em qualquer pub. Mesmo quando lhe dizem que não há nada para comer, se insistir e perguntar directamente, é provável que admitam que afinal sim, que há… Nakládaný Hermelín. Isto é um queijo do tipo Camembert que é deixado a marinar com pickles diversos e é servido com pão. Um petisco típico para acompanhar cerveja.

Cada casa tem uma forma diferente de preparar e de servir este queijo. É uma arte, fazem-se até concursos. No U Sadu come-se um dos melhores.

Note que na maioria dos pratos em restaurantes locais é suposto encomendar os acompanhamentos à parte, o que nos pode parecer estranho mas é muito conveniente: a variedade costuma ser muita e podemos moldar o prato a nosso gosto.

Os mais gulosos é que não devem ter grandes expectativas. Na cozinha checa simplesmente não existem sobremesas. Com o tempo lá foram aparecendo nos menus duas opções: gelados e crepes.

Se gosta mesmo de comer deverá abordar uma viagem a Praga como uma oportunidade para experimentar gastronomias mais exóticas. A comida do mundo encontra-se bem representada na capital checa, com sugestões bem exóticas, Afeganistão, Sri Lanka, Geórgia ou Etiópia, para além dos sempre presentes restaurantes chineses, indianos e italianos. Há muitas soluções vegetarianas e vegans.

Quanto a bebidas, a cerveja é rainha. Afinal, os checos são o povo que no mundo consome mais cerveja em média, por pessoa. A cultura da cerveja é omnipresente. No supermercado encontram-se dezenas de marcas, os preços são mais baixos que os de água engarrafada. Há bares de cerveja onde todas as semanas a oferta do que sai das suas muitas torneiras é mudada, sempre a rodar, com produtos de pequenas fábricas na província.

O Zlý Casy é um desses locais. Fica em Cestmirova 5, onde se chega com o eléctrico 18, saindo na paragem Námestí Bratrí Synku? Ali a cerveja é rainha, de muitas variedades, coisas mesmo diferentes… cerveja aromatizada naturalmente com cereja ou com gengibre, cerveja semi-filtrada, cerveja preta, cerveja semi-preta. Os preços variam. Algumas são especialidades raras e essas fazem-se pagar mais caro.
O vinho não é muito consumido por aqui, apesar de ser apreciado em jantares entre amigos e ocasiões especiais. Mas se quer algo local para depois da refeição, experimente a aguardente de ameixa, slivovice. Também as há de pêra ou de uva.

Sair à Noite em Praga

PRAGA

Talvez a maior concentração de animação nocturna de Praga se encontra na rua Dlouha, bem perto da Praça Antiga, onde o Roxy é o expoente máximo. Mas existem locais animados dispersos por toda a cidade. E em Praga a festa é todos os dias, não é coisa apenas das noites de Sexta-feira e Sábado.

Apenas à laia de sugestões: na avenida Narodni, sob as arcadas, sensivelmente em frente ao café Louvre, o Vagon tem música ao vivo diariamente, com pista de dança depois aberta pela noite dentro. E se vier após o concerto, não deverá pagar nada para entrar, sendo o preço das bebidas mais ou menos o mesmo do que em qualquer pub da cidade.

Em Zizkov, perto da Torre de TV, o Akropolis é um complexo que incorpora restaurante (a evitar), salas de concertos e pistas de danças. Animação toda a semana e ao Domingo entrada gratuita para a noite de Reggae.

Bem no centro, junto ao rio, entre a ponte Karlovo e o Teatro Nacional, o Kalrovy Lazne esta mais vocacionado para o público jovem, sendo muito procurado pelos turistas de curta duração, sobretudo britânicos, que vêm passar o fim-de-semana a Praga.

O Cross Club, perto da estação de metro de Holesovice, tem um ambiente único, com todo o clube, bar e pista de dança, decorados com esculturas feitas a partir de restos de lixo metálico. Além disso, esta revestimento artístico está em permanente evolução, com adições e alterações a toda a hora.

Note que uma eficiente rende de eléctricos e autocarros nocturnos tornam as saídas e deslocações nocturnas muito simples. Geralmente não é preciso recorrer a táxis para regressar a casa.

Alojamento em Praga

Cada pessoa tem expectativas e necessidades diferentes no que toca a alojamento. Em Praga tudo é possível. Desde hotéis de luxo a apartamentos privados, quartos AirBnB a hotéis económicos e, claro hostels. São literalmente milhares de possibilidades, pelo que vou falar aqui apenas das zonas onde poderá querer ficar alojado.

Talvez a maior concentração de oferta de alojamento seja em redor da Praça Venceslau, centro nevrálgico da Praga moderna, um espaço carismático onde quase tudo o que importou para a história recente do país se tem passado. Só que nos últimos anos tem parado por ali gente pouco recomendável. Depois do sol posto – e mesmo durante o dia, de forma mais discreta – existe prostituição e tráfico de droga, é o pouso favorito de grupos de ingleses em pouco civilizadas festas de despedida de solteiro e todo o tipo de cambalacheiros por ali anda. Basicamente são actividades inofensivas, mas pode tornar-se algo incomodativo. Ao lado, há a estação ferroviária principal, em redor da qual gravitam mais personagens pouco agradáveis. Por tudo isto sugiro que procure outras áreas de Praga.

O centro histórico tem um forte apelo. É bom estar-se no meio de tudo, a dois passos das principais referências turísticas da cidade, mas por outro lado a confusão é permanente e não há forma de nos afastarmos das multidões de estrangeiros que visitam Praga. Se isto não é um problema para si, então será boa ideia encontrar um alojamento bem central, a poucas centenas de metros da Ponte Karlovo ou da Praça Antiga.

Se prefere uma solução de compromisso, uma localização que com uns minutos extras de caminhada permita chegar ao centro da “confusão” mas que, terminado o dia, lhe dê uma sensação de desafogo, procure algo no labirinto de ruas que vai da margem do rio até à estação de metro de Narodni Trida, do lado Este da avenida Narodni. O lado oposto do rio também é uma boa escolha, com preços mais baixos e um toque de vida local que já não existe no centro histórico.

Como Chegar a Praga

De Portugal a TAP efectua ligações diárias e directas entre Lisboa e Praga. Quem procurar uma solução mais económica poderá estudar a rede de voos da Ryanair. Tenha em consideração que o aeroporto Vaclav Havel não é muito usado pelas companhias low cost, mas também é verdade que a localização de Praga permite pensar em soluções combinadas: pode-se voar para Hamburgo, Berlim, Budapeste e muitas outras cidades da Europa Central e completar a jornada com uma económica e rápida ligação por comboio ou autocarro. Do Brasil, o melhor é conseguir o voo mais barato que conseguir para a Europa, e daí, ou apanhar um comboio ou os tais voos baratos para chegar à cidade. Veja a minha página com uma lista de companhias aéreas low cost.

Transportes Públicos em Praga

Se escolher bem, é pouco provável que necessite de usar os transportes públicos de Praga com frequência. A capital checa é muito compacta, e os locais de interesse turístico podem visitar-se todos apenas andando a pé.

Para os visitantes existem bilhetes turísticos, que oferecem livre acesso a todos os transportes públicos da cidade. Para um dia, o preço é de 110 CZK e de 310 CZK para o de três dias. Se não planeia um uso intenso do sistema de transportes públicos, o que será normal se for a sua primeira vez na cidade e muito justamente pretender explorar sobretudo as áreas turísticas, será melhor usar bilhetes normais.

Estes têm duas modalidades: para viagens curtas, até 30 minutos, custam 24 CZK; para deslocações mais longas, sendo válidos durante 90 minutos, custam 32 CZK. Uma vez validados, e dentro do seu período de tempo limite, estes bilhetes funcionam como livre-trânsito, sem limite de estações ou paragens e de meios de transporte usados.

Note que apesar de existirem máquinas de venda de bilhetes em todas as estações de metro, apenas em algumas – poucas – paragens de eléctrico [bonde] ou autocarro [ónibus] é possível adquirir a passagem. E nunca, mas nunca, poderá adquirir junto do motorista. Aconselho portanto a comprar um par de bilhetes extra assim que chegar, até mesmo no aeroporto, e mantê-los na carteira para usar quando necessário.

Do Aeroporto para a Cidade

Infelizmente o aeroporto de Praga não está ainda ligado à rede de metro. Mas chegar ao centro é mesmo assim fácil, não sendo necessária a despesa extra com um táxi, especialmente se não viajar com muita bagagem.

No aeroporto existe um balcão da empresa de transportes públicos de Praga. Poderá ali comprar um bilhete que utilizará para apanhar o autocarro 119, que pára em frente ao terminal. Ao entrar no autocarro, deverá validar o seu bilhete, obliterando-o numa das máquinas existentes junto às portas. Não precisa de se preocupar com a paragem para sair. É seguir até ao fim do percurso. O 119 termina em Nádraží Veleslavín, onde encontrará a entrada para a estação de metro, mesmo em frente à paragem do autocarro. Estará na linha verde, que serve as áreas mais turísticas e que o deixará bem no centro da cidade. Como o seu bilhete já foi validado, não precisa de mais nada para usar o metro. É só entrar. Como esta é também uma estação terminal, não há que enganar, é só seguir as pessoas.

Mapa Metro Praga

Aqui você encontra um mapa do metro de Praga. Na cidade, esta é a melhor maneira de mover-se já que Praga tem um bom sistema de metro.

Mapa Metro Praga

Roteiro de Praga: A Rota da Coroação

Algumas ideias de roteiros para você preparar as suas férias em Praga de maneira independente. Itinerários de turismo em Praga, República Checa.

Se quiser mesmo seguir uma rota fixa, procure a Rota da Coroação, seguida pelos monarcas da Boémia nos dias em que tomavam posse. Esta percurso vai levá-lo até ao lado de lá do rio e ao castelo, áreas que serão abordadas noutras secções deste artigo, pelo que vou explicar apenas o troço que tem lugar na Cidade Antiga.

O costume iniciou-se em 1438, com Alberto II, da casa dos Habsburgos. Nos quatro séculos seguintes, sucessivos soberanos repetiram o trajecto, até 1836, ano em que Ferdinando I foi coroado. A rota foi também usada nos cortejos fúnebres dos reis cujos restos mortais repousam na Catedral de São Vito, no Castelo.

A rota inicia-se na Námrstí Republiky, ainda na Cidade Nova, facilmente alcançável a pé e servida por múltiplas carreiras de eléctricos e pela linha amarela do metro. Sugiro que antes de iniciar a rota atente na magnífica fachada da Casa Municipal, em estilo Art Nouveau, decorada a fino mosaico e símbolo das artes e da cultura de Praga. Daqui até à Torre da Pólvora são umas dezenas de metros. Caminhe no sentido oposto à praça e a torre surgirá à sua direita.

Esta impressionante torre gótica construída em pedra negra é um dos treze portões medievais da cidade, tendo surgido em 1475. Chamava-se inicialmente “Porta Nova” e apenas a partir de meados do século XVII, quando foi utilizada como armazém de pólvora, ganhou o seu actual nome.

Passando sob o arco da torre, estará na rua Celetná, que conduz directamente à Praça Antiga. Na esquina com a rua Ovocny atente no edifício cubista (sim, Praga é a única cidade do mundo onde o Cubismo tem uma presença séria no plano arquitectónico) Casa da Madona Negra, que hospeda o Museu do Cubismo e, no primeiro andar, o interessante Grand Café Orient.

Chegará à Praça Antiga, onde deverá atentar na estátua de Jan Hus, o velho beato, cego, que levantou um exército de hereges contra as forças católicas dos Habsburgo. A aventura não acabou bem para ele. É certo que deu muito trabalho à dinastia dominante, mas acabou na fogueira.

Ainda na mesma praça vamos encontrar as torres gémeas da Catedral de Tyn, construída em estilo gótico, a Casa de Pedra do Sino, a igreja de São Nicolau, esta em barroco, e o edifício da antiga câmara municipal (perfeitura). A grande celebridade da praça é o Relógio Astronómico, datado de 1410, o mais antigo em funcionamento em todo o mundo. De hora a hora, inicia-se o desfile das quatro figuras que habitam no seu interior, representando quatro características negativas segundo os valores vigentes à data da sua construção: vaidade, ganância, luxúria e… a morte. Segundo uma lenda levada bem a sério, quando o relógio for negligenciado e por isso se detiver, terríveis coisas acontecerão à cidade de Praga.

Se visitar em Dezembro poderá visitar a Feira de Natal, outrora um clássico da época natalícia de Praga, mas hoje já muito transfigurada pelo turismo. Os preços são altos e os clientes raramente são locais.

Quando tiver esgotado os encantos da praça, procure a discreta saída da rua Karlova – talvez o ponto da cidade mais saturado de turismo – que após algumas curvas o trará até à entrada da ponte Karlovo e ao fim da Cidade Antiga. Nesse ponto poderá aproveitar para, largando algum dinheiro, subir ao topo da torre da ponte. A vista vale a pena.

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